O clima de nervosismo no mercado financeiro fez o dólar disparar, novamente, ontem, e terminar o dia cotado a R$ 5,11, com alta de 2,54%. Foi o sexto aumento seguido da moeda norte-americana, que chegou a R$ 5,13 por volta das 12h. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) desabou 2,73%.
O cenário negativo acontece em meio a uma semana decisiva para a economia global, diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) acelere a alta de juros para conter a maior onda de inflação no país em 41 anos.
No Brasil, o O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reunirá hoje e amanhã para decidir sobre a taxa básica, a Selic. A expectativa é de que a taxa, atualmente em 12,75% ao ano, seja elevada para 13,25%, e a alta pode não parar por aí.
Para o economista Robson Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a inflação está resistente ao aumento de juros por conta da escassez de commodities e da energia em todo o mundo. "Isso se dá, também, por toda a questão de Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores, mas estão gerando muita incerteza. Então, espera-se uma estabilização do cenário inflacionário apenas quando a especulação de commodities diminuir", afirmou.
A alta de juros nos Estados Unidos tem pesado sobre o confiança de investidores no mundo todo. O BC norte-americano deve subir a taxa dos chamados Fed Funds, atualmente na faixa de 0,5% a 1% em reunião também prevista para esta quarta-feira. No mercado, as previsões de alta vão de 0,5 a até 0,75 ponto percentual. O temor, porém, é que uma elevação muito acentuada acabe por levar o país a uma recessão. Por conta disso, o Índice Dow Jones da Bolsa de Nova York despencou 2,79%, ontem.
"Tanto para o Federal Reserve quanto opara o Banco Central do Brasil é praticamente certo que vão subir os juros para conter a crise de inflação. A tensão internacional é por conta da magnitude do ciclo de alta. Caso o aumento seja mais forte nos Estados Unidos, pode haver fuga de capitais (de países emergentes, como o Brasil) e, aí haveria impacto no mundo todo", explicou Robson Gonçalves.
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ICMS
Outro fator que movimentou o mercado ontem foi a expectativa sobre o projeto de lei 18/2022, que fixa a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis em 17%. O texto básico do projeto foi aprovado ontem à noite pelo Senado e passará por nova notação na Câmara. O assunto é alvo de debate entre o Executivo e governadores, que temem uma perda de arrecadação estimada entre R$ 26 bilhões e R$ 41 bilhões apenas neste ano, o que pode desorganizar as contas públicas.
Na visão do economista Julio Hegedus Netto, se for aprovado, o projeto, ele deve ter pouco efeito prático no preço final ao consumidor. "O reajuste vem muito mais forte ano que vem, quando o próximo governo colocar o ICMS no preço do combustível. Por agora, é uma medida artificial. Se você tirasse o imposto, sim, teria impacto no resultado final. Porém, esse PLP talvez diminua um ponto percentual. É desesperada, uma medida política", analisou.
*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo
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