Investidores que utilizaram recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na compra das ações da Eletrobras vão receber 66,79% do valor que reservaram, de acordo com comunicado da estatal ao mercado, divulgado ontem. O rateio foi necessário para garantir ações a todos, já que a busca foi maior do que a fatia reservada a este público.
As intenções de compra foram de R$ 9 bilhões, mas o governo havia estabelecido um limite máximo de R$ 6 bilhões do FGTS para a compra de ações no processo de privatização da estatal. Cada trabalhador podia usar até 50% do saldo em conta do FGTS para participar da rodada de investimentos. Pelo menos 370 mil pessoas fizeram reserva para compra de ações por meio dos Fundos Mútuos de Privatização da Eletrobras.
O trabalhador deverá respeitar uma carência mínima de 12 meses antes de poder retornar os recursos ao FGTS. Entretanto, mesmo durante esse prazo, os valores aplicados poderão ser resgatados nas hipóteses de demissão; aposentadoria; falecimento; uso para moradia; período de três anos sem registro em carteira; doenças graves; quando o trabalhador completa 70 anos; ou em caso de calamidade pública.
Para quem comprou as ações sem usar o FGTS, a negociação dos papéis está marcada para estrear na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), na próxima segunda-feira. O preço fixado na oferta pública foi de R$ 42 por ação. Ontem, no entanto, os papéis da Eletrobras fecharam em baixa na bolsa. As ordinárias caíram 4,74%, fechando a R$ 41, e as preferenciais recuaram 6,59%, para R$ 39,70, valores abaixo do precificado na oferta de privatização.
Segundo analistas, a queda é pontual. "Investidores que não estão confortáveis com esse preço, e os que duvidam das projeções de ganho de 20% neste ano mostram desconforto e vendem os papéis", avaliou Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
A oferta primária de novos papéis da Eletrobras foi de 627,7 milhões de ações, mas pode haver colocação secundária de 69,8 milhões de papéis em poder do BNDESPar. Embora ainda não definido, o mercado espera ainda oferta suplementar correspondente a 15% do volume inicial.
"Não houve surpresa na precificação. O que foi revelador é o interesse de grandes e conceituados fundos na aquisição da empresa que tem posicionamento privilegiado no setor elétrico brasileiro. É uma privatização que fica como destaque para a história", disse João Beck, economista e sócio da BR Advisores.
Caixa
A Caixa informou que iniciou, ainda na quinta-feira, o processamento dos débitos nas contas do FGTS dos trabalhadores que reservaram recursos para compra de ações da Eletrobras. "Os valores das contas de FGTS a serem efetivamente aplicados em FMP-Elet foram calculados observando o índice de rateio, e serão transferidos para as administradoras de fundos mútuos de privatização autorizadas pelos trabalhadores", diz o comunicado.
O banco orienta o trabalhador a consultar o extrato por meio do App FGTS, na opção Meu FGTS. "A liquidação da oferta está prevista para 14 de junho. Quando da operacionalização dos débitos das contas de FGTS, os valores não utilizados na aplicação serão desbloqueados", acrescentou a Caixa.
A oferta pública da Eletrobras movimentou R$ 29,29 bilhões, mas o valor total poderá chegar a R$ 33 bilhões com a venda do lote suplementar. Com a emissão de novas ações, que ficaram com investidores privados, a participação do governo no capital de companhia deve cair de 72% para cerca de 45%, acabando com controle estatal na empresa.
O mercado, de acordo com o professor da Unisinos, Roberto Decourt, está otimista. "Mesmo com o governo continuando como acionista mais relevante, acredita-se que a Eletrobras conseguirá ser mais eficiente e, assim, ter uma melhor rentabilidade, o que valorizou as ações neste ano, mesmo com o aumento global do custo de capital", avaliou.
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