A Polícia Rodoviária Federal e servidores da corporação cobram do presidente Jair Bolsonaro (PL) uma reestruturação na carreira profissional e a valorização da profissão. A categoria organizou uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira (1º/6), em meio ao clima de descrença envolvendo a PRF, após o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos.
O ato começou por volta das 9h, em frente ao Museu da República, e seguiu, após as 11h, até o Palácio da Alvorada, onde cantaram o Hino Nacional em meio a gritos de “Reestruturação já!” e “Bolsonaro, cumpra a sua palavra”. O grupo ocupou algumas faixas do Eixo Monumental e o canteiro central da via.
O presidente Bolsonaro (PL), que foi eleito com o apoio de boa parte dos policiais, tanto federais, quanto civis e militares, atualmente recebe críticas de membros da PRF. Segundo a categoria, o chefe do Executivo não cumpriu a promessa de promover a reestruturação da carreira dos policiais e servidores, em geral.
“Bolsonaro foi eleito com a pauta da segurança pública. Ele está desde 2019 fazendo a mesma fala, levando a mesma informação aos colegas: 'Vou reestruturar a carreira de vocês'. E, ultimamente, isso tem desaparecido das falas dele, dando a impressão de que, mais uma vez, mais um governo, vamos ficar a ‘ver navios’”, criticou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, para a multidão de manifestantes na Esplanada dos Ministérios.
“A reestruturação nada mais é do que reconhecimento do serviço prestado pela PRF à sociedade. Esse comportamento do governo é inadmissível”, completou.
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Rio Grande do Sul (SINPRF/RS), Maicon Nachtigal, a carreira de policial rodoviário precisa ser, de fato, valorizada pelo Executivo. “Que o Bolsonaro cumpra a sua palavra ou vai ser chamado de traidor”, intimou.
Após deixarem a Praça dos Três Poderes, os manifestantes se dirigiram ao Palácio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, onde o presidente Dovercino Neto entregou uma carta aberta ao ministro Anderson Torres, destinada ao presidente Jair Bolsonaro, com reivindicações da classe.
Presidente da FenaPRF entrega carta ao ministro da Justiça, Anderson Torres
A carta cita um episódio, considerado ‘fatídico’ pelos policiais, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que houve uma redução na remuneração inicial dos servidores da corporação. Além disso, houve congelamento do salário por três anos e a retirada de direitos comuns a trabalhadores, em geral, como “adicional noturno, adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas e adicional pela prestação de serviço extraordinário”.
Atualmente, a FenaPRF estima que há uma defasagem salarial, em relação às demais carreiras típicas de Estado, de aproximadamente 48%.
Saiba Mais
Caso Genivaldo
Na semana passada, um caso envolvendo policiais da PRF culminou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, em Sergipe, gerando uma onda de críticas à atuação dos policiais rodoviários durante abordagens. No último dia 29 de maio, o chefe de comunicação institucional da PRF, Marco Territo, divulgou um vídeo em que condena os procedimentos utilizados em Umbaúba: “Não estão de acordo com diretrizes de cursos e manuais da instituição”.
Para o presidente da FenaPRF, Dovercino Neto, a história da PRF não deve ser resumida a um único incidente, como o de Sergipe. “A história da PRF foi colocada em jogo em função de uma tragédia. (Isso) Não pode ser justificativa para dizer que tudo que nós fizemos, que nós construímos em 94 anos de história, na qual a sociedade nos concedeu o título de polícia cidadã, isso não pode ser motivo para que o governo federal fale que agora não tem jeito. Agora não vai dar”, afirmou.
Para o presidente do SINPRF/RS, Maicon Nachtigal, o ato de hoje significa uma resposta para a sociedade brasileira, diante dos últimos casos de violência envolvendo policiais. “Nós queremos demonstrar para a sociedade que a Polícia Federal é uma instituição que está acima de qualquer situação pontual que possa vir a ocorrer em nosso país. Ela presta grandes serviços à nossa sociedade e, independentemente daqueles possíveis erros que acontecem na vida de todos — afinal de contas, todos somos humanos —, isso não cabe para que nós deixemos de lutar pela valorização dessa instituição e, em especial, dessa carreira, que muito serve à sociedade brasileira”, proferiu.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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