O chefe do Banco Mundial alertou que a invasão da Ucrânia pela Rússia pode causar uma recessão global à medida que os preços dos alimentos, energia e fertilizantes disparam.
David Malpass disse que é difícil "ver como podemos evitar uma recessão", durante evento de negócios nos Estados Unidos, na quarta-feira (27/5).
Ele acrescentou que uma série de lockdowns em resposta ao coronavírus na China está aumentando as preocupações sobre uma desaceleração econômica.
Os comentários dele são o mais recente alerta sobre o risco crescente de que a economia mundial possa se contrair.
"Ao olharmos para o PIB global (Produto Interno Bruto, ou soma de todos os bens e serviços)... é difícil agora ver como evitamos uma recessão", disse Malpass em uma conferência organizada pela Câmara de Comércio dos EUA, sem dar uma previsão específica.
"A ideia de preços de energia dobrando é suficiente para desencadear uma recessão por si só", acrescentou.
No mês passado, o Banco Mundial cortou sua previsão de crescimento econômico global para este ano em quase um ponto percentual, para 3,2%.
O PIB é uma das formas mais importantes de medir quão bem, ou mal, uma economia está se saindo e é observado de perto por economistas e bancos centrais. Ele ajuda empresas a decidir quando expandir e recrutar mais trabalhadores ou investir menos e cortar sua força de trabalho.
Os governos também usam esse indicador para orientar as decisões sobre tudo, de impostos a gastos. É um indicador-chave, juntamente com a inflação, para os bancos centrais ao considerar se devem ou não aumentar ou diminuir as taxas de juros.
Segundo Malpass, muitos países europeus ainda são muito dependentes da Rússia para petróleo e gás — mesmo enquanto países europeus avançam com planos para reduzir sua dependência da energia russa.
Ele afirmou que as medidas da Rússia para cortar o fornecimento de gás podem causar uma "desaceleração substancial" na região.
Malpass destacou que os preços mais altos da energia já estão pesando sobre a Alemanha, a maior economia da Europa e a quarta maior do mundo.
Os países em desenvolvimento também estão sendo afetados pela escassez de fertilizantes, alimentos e energia, disse ele.
Malpass também levantou preocupações sobre confinamentos em algumas das principais cidades da China — incluindo o centro financeiro, de fabricação e transporte de Xangai — que, segundo ele, "ainda estão tendo ramificações ou impactos de desaceleração no mundo".
"A China já estava passando por alguma contração do setor imobiliário, então a previsão de crescimento da China antes da invasão da Rússia já havia suavizado substancialmente para 2022", disse ele. "Então as ondas de covid causaram confinamentos que reduziram ainda mais as expectativas de crescimento para a China."
Também nesta quarta-feira (25/5), o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse que a segunda maior economia do mundo foi mais atingida pela última rodada de lockdowns do que no início da pandemia em 2020.
Ele pediu mais ações das autoridades para reiniciar as fábricas após os confinamentos.
"O progresso não é satisfatório", disse Li. "Algumas províncias estão relatando que apenas 30% das empresas reabriram... a proporção deve ser aumentada para 80% em um curto período de tempo".
Lockdowns totais ou parciais foram impostos em dezenas de cidades chinesas em março e abril, incluindo um longo confinamento de Xangai.
As medidas levaram a uma forte desaceleração da atividade econômica em todo o país.
Nas últimas semanas, números oficiais mostraram que grande parte da economia chinesa foi impactada, desde fabricantes até varejistas.
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