Os lançamentos de unidades do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA), que atende ao púbico de baixa renda, sofreram uma redução de 42,5%, no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o 4º trimestre de 2021. As informações fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.
O levantamento foi divulgado ontem, com os dados de 196 cidades do país, sendo 25 capitais. Os dados do segmento de habitação popular contrastam com os do setor de construção civil como um todo, que mostram resultado positivo. Segundo o estudo, os números negativos do CVA não têm relação com a alta nas taxas de juros, mas são afetados por três fatores predominantes: aumento dos custos de materiais de construção civil; falta de confiança dos empresários; e queda do poder aquisitivo das famílias.
Para o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, "se o governo reagir rapidamente à redução das contratações do CVA dando maior viabilidade aos seus produtos, ainda teremos um resultado em 2022, próximo ao do ano passado". Ministério do Desenvolvimento Regional informou que, quando comparada com a média anual desde 2018, a redução na contratação total de imóveis do programa foi de 9%. Já em comparação com os primeiros quadrimestres de 2021 e 2022, a queda foi de 15%.
Segundo a pasta, o volume de recursos contratado no programa dobrou em relação ao total financiado nos primeiros quadrimestres do último quinquênio. "O MDR vem realizando, desde o lançamento do Programa Casa Verde e Amarela, mudanças estruturantes para facilitar cada vez mais o acesso das famílias à moradia digna", diz nota encaminhada ao Correio.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, disse que os empresários conseguem administrar os impactos do aumento de custo em empreendimentos com obras em andamento. "Entretanto, para novos lançamentos é inevitável o repasse desses custos ao preço de venda", afirmou.
O economista do Insper Otto Nogami, explicou que, embora a queda dos lançamentos esteja associada, principalmente, ao aumento dos custos de produção, não se pode descartar a influência das taxas de juros. "Os custos tiveram alta de 17,35% no acumulado em 12 meses até julho de 2021, o que naturalmente se refletiu nos preços dos imóveis", disse. No entanto, "a elevação de juros, a partir de março de 2021, encareceu o custo de financiamentos". Nogami apontou o aumento do número de famílias endividadas, que atingiu 77,7% em abril. como outro problema.
Apesar do desempenho fraco do segmento popular, o setor de construção como um todo deve crescer em 2022. Adriano Greca, diretor de Operações da Versátil Andaimes e Escoramentos, afirmou que a previsão é elevar o faturamento em 35% neste ano. "Nós concluímos, agora em maio, a produção de 400 toneladas de novos equipamentos para atender a alta demanda da construção civil. Estamos avaliando a possibilidade de antecipar investimentos de 2023 para este ano porque a demanda das construtoras, principalmente de edifícios residenciais, continua alta", explicou.