O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, nesta quinta-feira (19/5), que o problema da hiperinflação no Brasil é causado por um acúmulo de questões políticas que impossibilitaram reformas no país, somado aos efeitos da pandemia e da guerra entre Ucrânia e Rússia. Guedes comentou a conjuntura nacional durante debate promovido pela TC Academy.
"Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, declarou Guedes no evento.
Puxado principalmente pela alta dos preços dos combustíveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do País, atingiu 12,13% nos últimos 12 meses até abril, maior inflação para o período de 1 ano desde outubro de 2003.
Desindustrialização
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em abril registrou alta de 1,06%, a maior para o mês desde 1996. Além disso, os analistas do mercado financeiro preveem a inflação em 7,89% ao final deste ano. A meta anual definida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e até 5%.
Entre outros motivos, o ministro destacou que a falta das reformas influencia na alta de preços. "Como não fizemos isso [reformas], fomos para uma hiperinflação. Queríamos fazer a reforma da Previdência, mas chegou a covid-19 e nós voltamos aos programas sociais", disse hoje.
Saiba Mais
Ainda durante o evento, Guedes destacou o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que foi criado pelo governo Bolsonaro com o objetivo de reduzir as demissões durante a pandemia, oferecendo flexibilizações ao empregador.
"Nos últimos 60 dias, perdemos 1,1 milhão de empregos. Corremos para criar um novo programa. Em vez de demitir, ligue para nós", destacou.
O ministro também disse que a indústria não venceu o "estatismo" e que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) "desindustrializou" o Brasil. Além disso, Guedes ressaltou que o "inferno" da inflação passou e defendeu reformas.
"Pela primeira vez, em 40 anos, reduzimos o IPI. Estamos transformando o excesso de arrecadação em menos impostos", concluiu