Em meio ao clima de tensão entre os Poderes e as contestações do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e às urnas eletrônicas, autoridades diplomáticas dos Estados Unidos reforçaram a confiança na democracia brasileira.
“Quero começar dizendo que eu, (e) o presidente Joe Biden e o todo governo dos Estados Unidos acreditam na força da estabilidade da democracia brasileira. O sistema tem dado longos exemplos de resiliência e acreditamos que ele produzirá um vencedor, de maneira livre e justa, como ocorreu nas eleições anteriores”, afirmou o secretário adjunto de Comércio dos Estados Unidos, Don Graves, na tarde desta quarta-feira (18/5), em entrevista a jornalistas em sua primeira visita oficial ao Brasil. Segundo ele, as relações comerciais e os negócios entre os dois países continuarão "tão firmes quanto antes". “Acreditamos na democracia brasileira. Acreditamentos a as eleições serão eleições serão livres e justas”, reforçou.
Mais cedo, durante sabatina no Senado dos Estados Unidos, Elizabeth Bagley, indicada pelo presidente Biden para ser embaixadora dos EUA no Brasil, também afirmou confiar nas instituições democráticas do país. “Eles têm todas as instituições democráticas que precisam para promover eleições livres e justas”, disse a futura embaixadora no Brasil aos senadores norte-americanos.
Recentemente, a CIA, a agência de inteligência dos EUA, recomentou ao presidente Bolsonaro não interferir nas eleições. E, durante a sabatina de Bagley, senadores norte-americanos apontaram retrocessos na democracia brasileira.
O secretário norte-americano contou que, durante a vista ao Brasil, percebeu que a principal preocupação de empresários dos dois países está focada na resiliência das cadeias de suprimentos diante das pressões inflacionárias e em como tornar mais fácil investir nos dois países. “Esse é o foco da minha visita: como criar oportunidades para criar empregos no Brasil e para os brasileiros, de melhor qualidade e maior remuneração, e como dar apoio aos investidores brasileiros nos Estados Unidos”, afirmou.
De acordo com o secretário, as conversas com representantes do governo brasileiro e de empresários dos dois países foram "muito boas", buscando trazer valores democráticos e oportunidades “promover altos padrões de produção e de emprego”. Segundo ele, nesse sentido, as áreas de manufatura, de saúde, de agricultura e de semicondutores, como possuem pontos críticos e vulneráveis na cadeia de suprimentos, podem ter uma maior aproximação entre os EUA com outras economias da região e do Hemisfério. “Estamos tendo conversas específicas nessas áreas e esperamos continuar o diálogo e para podermos encontrar oportunidades para trabalharmos em conjunto”, disse.
Graves ainda ressaltou que o interesse dos EUA nessas conversas "não é explorar os países da região, em busca de baixos custos de produção e extrair matéria-prima". "Nossa abordagem é aumentar os investimentos de longo prazo, transferir tecnologia e também criar empregos melhores para as pessoas dos dois países”, garantiu.
Segurança alimentar
O secretário dos EUA também defendeu um trabalho conjunto “para diminuir as barreiras entre os dois países e ampliar os laços comerciais e de negócios”. Ele reforçou a importância de parcerias no desenvolvimento de políticas para o combate às mudanças climáticas, uma prioridade do presidente Joe Biden e destacou as conversas para uma parceria bilateral para assegurar a segurança alimentar.
“O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos globais e sabemos que o país alimenta o mundo, podemos trabalhar em conjunto para ter acesso aos fertilizantes para alimentar o mundo melhor. Os Estados Unidos também estão em posição semelhante e os dois países podem trabalhar em conjunto para encontrar acesso para melhorar o acesso aos fertilizantes. Essa é uma das prioridades da atual administração”, disse Graves. Ele contou ainda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Casa Branca "estão conversando diretamente com o governo brasileiro", buscando outras fontes de fertilizantes, abordagens e novas tecnologias para aumentar a produtividade das lavouras com menos fertilizantes.
Comércio bilateral
A balança comercial entre Brasil e Estados Unidos é favorável para os norte-americanos, uma vez que é deficitária para o lado brasileiro. Em 2021, o saldo do comércio bilateral ficou negativo em US$ 8,2 bilhões. E, neste ano, apenas entre janeiro e abril, o deficit comercial brasileiro já soma US$ 5,3 bilhões.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. As exportações nacionais com destino à maior economia do planeta cresceram 33% em 2022, somando US$ 10,5 bilhões no primeiro quadrimestre do ano. Já as importações tiveram avanço de 47,3% no mesmo período, para US$ 15,8 bilhões.