Energia

Usina nuclear Angra 3 precisa de R$ 19,4 bilhões para ficar pronta

Conclusão da terceira usina nuclear brasileira é apontada como um dos principais argumentos para a privatização da Eletrobras. A obra está parada desde 2015, mas será retomada ainda em 2022

A usina nuclear Angra 3 precisará de mais R$ 19,4 bilhões para ficar pronta, de acordo com informações da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. A conclusão da unidade é um dos principais argumentos do governo para privatizar a estatal brasileira, cujo modelo de capitalização vai a julgamento nesta quarta-feira (17/5) no Tribunal de Contas da União (TCU). 

Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Os novos investimentos seriam somados aos R$ 7,8 bilhões já aplicados na primeira fase de construção da usina, interrompida em 2015 e prevista para ser retomada no segundo semestre de 2022. A obra está 65% concluída e a expectativa é de que a Angra 3 entre em operação em novembro de 2027.

De acordo com informações exclusivas obtidas pelo Correio, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está realizando uma avaliação independente sobre a viabilidade técnica e financeira da usina, que busca trazer segurança aos futuros parceiros acerca das condições do empreendimento e que já resultou na atualização dos investimentos necessários para a conclusão da usina.

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Caso seja finalizada, Angra 3 terá potência de 1.405 megawatts, sendo capaz de gerar cerca de 12 milhões de MWh anuais. A interrupção da construção da usina se deu por conta da necessidade de revisão do financiamento do empreendimento.

Em fevereiro deste ano, a Eletronuclear assinou um contrato com o consórcio formado por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz, que permitirá a retomada das obras da planta, vencedoras da licitação para contratar os serviços no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. Com o contrato assinado, o consórcio já começou a tomar as medidas necessárias para mobilizar o canteiro de obras e, em breve, reiniciar a construção da usina.

Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração da Linha Crítica está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico.

Viabilidade

A due diligence do BNDES — ou a análise da viabilidade do empreendimento — faz parte da estruturação do projeto de retomada e conclusão de Angra 3, para o qual o BNDES contratou o consórcio Angra Eurobras NES, composto por Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A.

Ainda de acordo a Eletronuclear, posteriormente, será realizada outra licitação para contratar a empresa ou o consórcio que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina. Isso será feito via um contrato de EPC — sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção.

Energia

A estimativa da Eletronuclear é que a geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a entrada da planta em operação, a energia gerada pela central nuclear de Angra será equivalente a, aproximadamente, 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro e 3% do consumo do Brasil.

Angra 3 também vai diversificar a matriz elétrica e reduzir os custos totais do Sistema Interligado Nacional (SIN), na medida em que substituirá a energia mais cara de térmicas que é frequentemente despachada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"Outro ponto relevante é sua proximidade aos principais centros de consumo do país, o que contribuirá para evitar congestionamentos nas interligações entre os subsistemas. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia", diz a Eletronuclear.

O empreendimento representará ainda a criação de cerca de sete mil empregos diretos, no pico da obra, além de um número muito maior de empregos indiretos. A grande maioria será contratada na Costa Verde, na região de Angra dos Reis, o que será um importante fator para movimentar a economia da região. 

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