O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que outras categorias do funcionalismo público são o "grande problema" que impede um reajuste à Polícia Rodoviária Federal (PRF) maior do que os 5% que o governo promete para todos os servidores federais. De acordo com o chefe do Executivo, os demais servidores querem reajustes "até abusivos".
"Digo a vocês publicamente, PRF (policiais rodoviários federais): o grande problema não é o nosso lado. São os colegas, outros servidores, que não admitem reestruturar vocês sem dar aumentos, até abusivos, para o outro lado", disse o presidente, em entrevista coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem em Recife (PE), após sobrevoo em áreas afetadas pela chuva no estado.
Bolsonaro pretendia, com o reajuste, retomar o diálogo com a base do funcionalismo que o apoia, mas a relação ficou estremecida após o anúncio da reforma administrativa. Segundo dirigentes da categoria, os servidores da área da segurança pública se sentiram "traídas" pelo presidente, que não cumpriu até agora a promessa de reestruturar as carreiras. A estratégia, contudo, ficou inviabilizada com a mobilização de outros setores e, agora, ele sofre pressão de greves em massa do funcionalismo público brasileiro. Para evitar maior desgaste, o presidente acusa o Orçamento de ser o vilão.
"Pessoal da PRF, somos o primeiro governo que tem teto de gastos. Eu não posso dar um aumento para a PRF, para a Polícia Federal, para (os servidores da) Receita Federal, para quem quer que seja, sem exigir uma dotação orçamentária para tal", destacou.
Na semana passada, ao sair de uma igreja em Brasília enquanto gravava teasers para a campanha eleitoral, o presidente ainda apelou contra greves de servidores. "Eu apelo aos servidores, reconheço o trabalho de vocês, mas a greve não vai ser solução, porque não tem dinheiro no Orçamento. Eu sou o primeiro presidente a ter teto no Orçamento. Outros não tinham, poderiam reajustar, eu não posso", disse, na ocasião.
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