PETROBRAS

Sem pressa para troca de comando

Indicado pelo governo para a presidência da estatal, Caio Paes de Andrade será avaliado por comitê da empresa

MICHELLE PORTELA TAINÁ ANDRADE
postado em 26/05/2022 00:01
 (crédito: Michel Jesus/Camara dos Deputados)
(crédito: Michel Jesus/Camara dos Deputados)

Após reunião que durou mais de 10 horas, ontem, o Conselho de Administração da Petrobras informou que vai cumprir todas as regras internas de governança antes de submeter à assembléia geral extraordinária (AGE) de acionistas o nome de Caio Paes de Andrade, indicado pelo Ministério de Minas e Energia para a presidência da estatal. Com isso, Paes de Andrade será avaliado pelo Comitê de Pessoas da companhia, para verificar se atende aos requisitos para o cargo e a troca de comando da estatal pode demorar mais do que o governo gostaria.

De acordo com comunicado divulgado após a reunião, a convocação da AGE ainda depende de duas etapas. O governo precisa enviar as indicações de outros sete membros para o Conselho de Administração, cujos nomes também serão avaliados pelo comitê. Segundo o Estatuto da companhia, o órgão deve verificar se as pessoas indicadas para postos de direção atendem aos requisitos exigidos, como experiência administrativa e idoneidade.

"Após as mencionadas etapas, o Conselho se reunirá novamente para deliberar sobre a convocação da AGE", informou a Petrobras na noite de ontem.

Se for aprovado em todas as etapas, Caio Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro (PL), que, de olho na campanha à reeleição, tem exercido pressão para que a estatal freie o ritmo de alta dos preços dos combustíveis. Andrade substituirá José Mauro Coelho, que está no posto há pouco mais de 40 dias. Ele permanecerá à frente da Petrobrás até que os acionistas aprovem a mudança, o que só deve ocorrer em meados de julho, segundo fontes da empresa. O estatuto da Petrobras exige prazo de 30 dias entre a convocação e a realização de assembleias gerais de acionistas.

Entrave

A demora na troca de comando pode ser vista como um entrave para os planos de Bolsonaro de mudar a política de preços dos combustíveis, hoje atrelados às cotações internacionais. Além disso, alguns analistas afirmam que a indicação de Caio Paes de Andrade corre o risco de parar na Justiça, uma vez que ele não tem experiência no setor de petróleo e gás. Para Fábio Medina Osório, ex-advogado-geral da União, porém, não há impedimento nesse caso. "Ele não é um especialista em energia, mas um líder e administrador de empresas", disse Osório.

Formado em comunicação social pela Universidade Paulista (Unip), Andrade tem pós graduação em administração e gestão pela Universidade Harvard, dos Estados Unidos. É também mestre em administração de empresas pela Universidade Duke, também nos EUA. Atualmente, ocupa cargo de secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. Ele já havia sido cotado para a Petrobras após a demissão do general Joaquim Silva e Luna, mas acabou sendo preterido em favor de José Mauro Coelho.

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