Ao participar de um painel para debater a dívida soberana global, durante o Fórum Econômico Mundial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsabilizou a França e a Bélgica pela falta de avanço da entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o chamado clube dos ricos.
"Bélgica e França ficam atrasando a nossa entrada na OCDE porque são protecionistas na agricultura", reclamou o ministro, que provocou risos na plateia quando disse que o Banco Central do Brasil foi o único que "não dormiu" no processo de ajuste monetário e que o país deverá controlar a inflação "antes das nações desenvolvidas". Além disso, afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 2% neste ano. A estimativa dos técnicos da pasta é de alta de 1,5%.
Guedes afirmou que o Brasil está em uma situação "muito confortável" em relação à dívida externa, porque tem mais de US$ 360 bilhões em reservas.
De acordo com o ministro, devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, o fluxo de investimentos está mudando, e, nesse sentido, uma parceria com o Brasil é estratégica, porque o país é uma enorme fonte de energia verde e de alimentos, e, portanto, é importante na estratégia de segurança alimentar.
Ele ainda mencionou a segunda rodada de redução do Imposto de Importação em mais 10%, para 20%, anunciada nesta semana. "Todos estão tentando proteger os seus empregos. Nós estamos abertos. Nós chegamos atrasados na festa, mas muito animados", afirmou o ministro. Ele ainda classificou a França como um país "irrelevante" para o Brasil, se comparado com os asiáticos. Segundo ele, no início do século, o comércio do Brasil com a França e com a China eram parecidos, em torno de US$ 2 bilhões por ano; atualmente, somam US$ 7 bilhões e US$ 220 bilhões, respectivamente. "Os franceses são irrelevantes para nós", acrescentou.
Guedes afirmou que os europeus não devem desprezar a América Latina, que é mais próxima do que a Ásia e a Rússia para o fornecimento de suprimentos, alimentos e energia. "Eu disse aos europeus: vocês perderam a Rússia e estão perdendo a América Latina se não entenderem que é preciso uma integração com o Brasil, que ficou para trás durante a globalização mas, hoje, está à frente da digitalização, da energia verde e da segurança alimentar", disse.
"Temos vento e sol. O Brasil é uma fronteira gigante para a energia limpa e barata", frisou. (RH)
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