Conjuntura

Para Guedes, reajuste não pode ir além de 5%

Em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial, na Suíça, ministro da Economia afirma que servidores devem "esquecer" reposição das perdas provocadas pela inflação e que não há como dar aumento diferenciado para policiais

Rosana Hessel
postado em 26/05/2022 00:01
 (crédito:  Reprodução/Weforum)
(crédito: Reprodução/Weforum)

Enquanto os servidores se mobilizam com greves e protestos, reivindicando reajustes acima de 20% para compensar as perdas durante o congelamento na pandemia da covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que o governo só consegue conceder 5% de aumento linear e avisou ao funcionalismo para esquecer da correção pela inflação, porque "o mundo inteiro perdeu" durante a pandemia da covid-19. E, segundo o ministro, não é possível haver aumento diferenciado para policiais.

"A essência da política é essa, decidir o Orçamento", afirmou Guedes, ontem, a jornalistas em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. O custo de um reajuste linear de 5% para os servidores de todos os Poderes, será de quase R$ 8 bilhões neste ano, sendo que R$ 6,3 bilhões apenas para os funcionários do Executivo de julho a dezembro.

O Orçamento deste ano não tem espaço para o reajuste. Na semana passada, o governo contingenciou um total de R$ 9,9 bilhões para acomodar aumento do volume de subsídios agrícolas e de despesas inesperadas com precatórios de menor valor (RPVs) no teto de gastos.

A especialista em contas públicas Juliana Damasceno, da Tendências Consultoria, lembrou que o espaço para o reajuste precisa ser aberto por meio de mais cortes ou de remanejamentos nas despesas discricionárias (não obrigatórias). "Somando a pressão desses 5% aos recursos do Plano Safra, porque taxas de juros maiores exigem mais gasto do governo para fazer equalização, e novas surpresas, como as do RPVs deste bimestre, a conta não fecha", alertou.

De acordo com o ministro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguirá conceder aumento diferenciado aos policiais, como vinha sinalizando à categoria. "Você pode até dar alguma coisa, mas esquece o que ficou para trás. Você acha que na Alemanha, nos Estados Unidos... Perdas acontecem. Todo mundo perdeu no mundo inteiro", disse o ministro. "É por lei. Em ano eleitoral, você só pode dar até a inflação e linear. O presidente gostaria de dar aumento aos policiais, mas não pode, é visto como aliciamento", frisou.

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