O ministro da Economia, Paulo Guedes, não poupou críticas à França e à Bélgica pela falta de avanço da entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o chamado clube dos ricos.
“Bélgica e França ficam atrasando a nossa entrada na OCDE, porque eles são protecionistas na agricultura”, reclamou o ministro, nesta quarta-feira (25/5), durante debate no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
O acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, negociado há duas décadas e assinado em 2019, também não tem avançado muito desde então. E um dos motivos apontados por representantes da UE, principalmente a França, é o aumento recorde de desmatamentos na Amazônia no governo de Jair Bolsonaro (PL).
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De acordo com o ministro, o fluxo de investimentos estrangeiros está mudando no panorama global após a guerra entre Rússia e Ucrânia e o momento é propício para uma parceria com o Brasil, que é uma enorme fonte de energia verde e de alimentos.
“Eu já disse aos europeus para eles nos aceitarem antes de se tornarem irrelevantes para nós”, acrescentou Guedes, que classificou a França como um país “irrelevante” para o Brasil, se comparado com os países asiáticos. Segundo ele, no início do século, o comércio do Brasil com a França e com a China eram parecidos, em torno de US$ 2 bilhões por ano, e atualmente, passou para US$ 7 bilhões e US$ 220 bilhões respectivamente. “Os franceses são irrelevantes para nós”, frisou.
Segundo o ministro, durante a pandemia, enquanto as importações da Europa de produtos brasileiros encolheram 30%, as dos países asiáticos “cresceram mais de 40%”. Ele contou que, em vários encontros com representantes europeus, já fez um alerta: “Vocês perderam a Rússia e estão perdendo a América Latina se não entenderem que é preciso uma integração com o Brasil, que ficou para trás durante a globalização mas, hoje, está à frente da digitalização e da energia verde e da segurança alimentar”, afirmou, citando a segunda rodada de redução do Imposto de Importação em mais 10%, para 20%. “Todos estão tentando proteger os seus empregos. Nós estamos abertos. Nós chegamos atrasados na festa, mas muito animados”, afirmou.
Energia verde
“O futuro é verde e digital e estaremos lá”, afirmou o chefe da equipe econômica ao tentar vender o Brasil como um destino de investimentos. Nesse sentido, como diferenciais na busca de energia limpa, Guedes citou a matriz energética brasileira, que é 65% hidrelétrica, 10% eólica, 5% solar e 5% nuclear e tem potencial para dobrar as participações das energias solar e eólica. “Temos vento e sol. O Brasil é uma fronteira gigante para a energia limpa e barata”, frisou.
Além disso, o ministro ressaltou que o país tem um dos governos mais digitalizados do mundo, pois conseguiu garantir o acesso bancário e a serviços públicos para mais de 130 milhões de pessoas. “O futuro está se tornando digital e o Brasil tem mais de 100 (empresas) unicórnios e o mais valioso banco digital do mundo”, afirmou o ministro, citando o Nubank.
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