A guerra na Ucrânia, ocasionada pela invasão russa, é um dos temas centrais, juntamente com a pandemia da covid-19 e as pressões inflacionárias, do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Entre os discursos mais aguardados do encontro estava o do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que, por meio de uma gravação de vídeo, nesta segunda-feira (23/5), pediu ações mais enérgicas dos outros países para que a Rússia fique ainda mais isolada economicamente.
O conflito vem sendo apontado como uma preocupação econômica devido à pressão que vem exercendo na inflação global afetando a recuperação no pós-pandemia, com os riscos da escalada de preços nos países latino-americanos e nos Estados Unidos. Vale destacar que, no painel sobre América Latina, foi destacada a dependência econômica do continente pelos mercados internacionais devido às exportações de commodities e importações de tecnologia e manufaturas.
O solavanco da economia global com a guerra também está em um relatório assinado por um grupo de 47 nomes destacados em grandes bancos e multinacionais filiados ao Fórum e distribuído nesta segunda-feira (23/5) no encontro em Davos. "Estamos à beira de um círculo vicioso que pode afetar as sociedades durante anos", escreve Saadia Zahidi, diretora-gerente do Fórum, no relatório. "Os líderes enfrentam escolhas difíceis e barganhas domésticas no que tange a inflação, dívida e investimento”, escreveu Zahidi.
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Há ainda uma discussão entre os economistas para conter a inflação com a adoção de políticas monetárias mais austeras (juros maiores), mas também a necessidade de algum afrouxamento fiscal. Além disso, eles recomendam uma atenção especial ao setor de energia e medidas para mitigar a crise climática. Há ainda uma preocupação com a insegurança alimentar no caso dos países mais pobres.
Os especialistas se manifestaram a respeito do impacto das sanções contra a Rússia na duração da Guerra da Ucrânia. Para 53%, esse efeito é pequeno ou nulo, ante 38% que consideram grande e 10%, muito grande.
Protecionismo
Com a pandemia e a guerra, os especialistas presentes em Davos demonstraram pouco otimismo quanto ao andamento da globalização nos próximos três anos e preveem maior politização das cadeias de produção, com tendência à nacionalização — ou seja, maior protecionismo.
A maior parte deles espera maior fragmentação das cadeias de bens (79%), tecnologia (65%) e no mercado de trabalho (54%). Apenas no setor de serviços, a expectativa de desintegração, embora predominante, não é majoritária (46%, sendo que 39% esperam estabilidade).
Expectativa de inflação
Devido ao conflito europeu, 37% esperam um crescimento fraco da China. Para 86%, há alto risco de inflação na América Latina em 2022; para 47%, o risco é "muito alto”.
No caso dos EUA, 96% veem alto ou muito alto risco, sendo 38% os que apontam para "muito alto". Quanto à Europa, 93% enxergam risco alto ou muito alto e 17% o "muito alto". O fantasma da inflação assombra a África Subsaariana e 77% veem alto risco; Oriente Médio e norte da África, 75%.
Em novembro de 2021, o documento, em sua edição anterior, apontava para riscos inflacionários de curto prazo.
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