A Petrobras continua na mira do presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de ter trocado o titular da pasta de Minas e Energia, o presidente estuda mudar o presidente da companhia, José Mauro Coelho, e mais três diretores da empresa, além de analisar um novo modelo para a política de preços dos combustíveis.
A substituição dos diretores Financeiro, de Tecnologia e de Relações Institucionais estaria no forno. Com exceção da Financeira, as outras diretorias não têm relação com o preço dos combustíveis. Por isso, a insistência do presidente em tirar os titulares de seus cargos desperta suspeitas de aparelhamento político da empresa. Para a área de Tecnologia está cotado o ex-diretor da Gol Paulo Palaia, que é apoiador do presidente.
Ontem, em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro sugeriu que novas mudanças ocorrerão nos próximos dias na Petrobras. O presidente também voltou a criticar os altos lucros da estatal e, sem maiores detalhes, disse que pretende interferir nesse assunto.
“Com toda certeza, vamos entrar na Petrobras nessas questões também. Não é possível uma petrolífera dar 30% de lucro enquanto as outras dão, no máximo, 15%, para atender interesse não sei de quem. Tem mais coisa para acontecer na questão da Petrobras. Não vou entrar em detalhes. A gente está sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa”, afirmou.
Mais tarde, em discurso em evento do setor de supermercados e alimentos, em São Paulo, o chefe do Executivo voltou a criticar a companhia. No último domingo, ao ser questionado sobre possível troca no comando da Petrobras, o presidente disse que o novo ministro de Minas e Energia. Adolfo Sachsida, tem “carta branca” para decidir os rumos da estatal.
Além de anunciar o início de estudos para a privatização da Petrobras, Sachsida pretende sugerir mudanças na forma de cálculo do preço dos combustíveis, cujo custo, segundo interlocutores do governo, poderia cair de 10% a 15%.
Atualmente, ao enviar o petróleo às refinarias, a estatal trabalha com um preço conhecido como CIF, que inclui os custos envolvidos para importar o petróleo, como seguro e frete. Esse preço é usado mesmo nos casos em que o petróleo é nacional. A ideia é que a Petrobras passe a usar o preço FOB (do inglês, free on board, que não inclui os custos envolvidos na importação). Outra medida cogitada é adotar um intervalo maior entre os reajustes dos combustíveis.
O coordenador geral da Federaçao Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, diz que Bolsonaro e Sachsida pretendem desviar a atenção do centro do problema. Segundo ele, a questão central é “a política equivocada de reajustar combustíveis com base na variação do petróleo no mercado internacional, flutuação do dólar e custos de importação , mesmo o Brasil sendo produtor e autossuficiente em petróleo”.
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