Apesar de a demissão do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque ter sido relacionada ao aumento dos combustíveis, a verdadeira motivação pode ser um "toma-lá-dá-cá". Exonerado na manhã desta quarta-feira (11/5), ele era contra o avanço da construção de um mega-gasoduto. A obra atende aos interesses de Carlos Suarez, conhecido como o “rei do gás”, ex-sócio da empreiteira OAS.
As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e foram confirmadas pelo Correio nos bastidores. Suarez controla um oligopólio do setor em oito estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A nova obra custaria cerca de R$ 100 bilhões, e conta com o apoio de políticos do Centrão.
Suarez ainda possui mais quatro autorizações para iniciar obras de construção de novos gasodutos. Para viabilizar os empreendimentos, o empresário precisa de investimentos. As infraestruturas chegariam a regiões mais isoladas do país.
Por se tratar de uma questão bilionária, a proposta, que foi lançada em 2015, nunca andou no Congresso Nacional. Os parlamentares não entraram em consenso sobre os fundos para financiar a infraestrutura. Assim, uma alternativa oferecida pelo Centrão era direcionar a cifra bilionária do pré-sal para bancá-la. Para viabilizar a proposta, seria, então, apresentada na Câmara dos Deputados uma emenda em cima da hora, para não haver resistências. A manobra já estaria até acertada com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), segundo fontes do Legislativo.
Bento Albuquerque não concordava com a negociação. Pelo contrário, o ex-ministro queria atrelar ao MME a autorização para que as obras acontecessem. Além disso, a regra seria gerar competitividade no mercado. Dessa forma, outras empresas também poderiam registrar interesse no projeto.
O que se especula nesse momento é de que a substituição dele por Adolfo Sachsida foi estratégia usada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para avançar com a pauta. O economista era um dos braços direito do ministro Paulo Guedes.
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