Policiais federais de diversas carreiras participaram de uma manifestação em frente à Sede da Polícia Federal, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (28/4). Também ocorreram protestos em capitais de outras Unidades da Federação. Os policias cobram reajustes salariais e a reestruturação da PF.
Os agentes cobraram do presidente Jair Bolsonaro (PL) que cumpra o reajuste prometido para a carreira. Após negociações no ano passado, foi reservado R$ 1,7 bilhão no Orçamento da União, mas, após outras categorias protestarem por reajuste, o governo recuou e anunciou um reajuste linear (para todas as categorias da União) de 5%.
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A sinalização de descumprimento iniciou mobilizações em diversas categorias. Eles cobram de Jair Bolsonaro, promessa da campanha eleitoral de 2018, quando o então candidato tinha a segurança pública como sua principal bandeira.
"Estamos há mais de 800 dias sem reajuste. Indo e voltando, conversando com parlamentares, e nada é feito. Ora, estamos em um governo que tem a bandeira da segurança pública", reclamou Gilvan Albuquerque, policial penal federal e presidente do Sindicato dos Policias Penais Federais do DF.
Gilvan disse também que uma polícia desvalorizada "só interessa ao crime" e cobrou do presidente da República o cumprimento da promessa, questionando se a categoria terá de esperar um outro governo que não tenha as polícias como bandeira para promover reajuste.
"Nenhuma política pública consegue prosperar sem segurança pública. Presidente Bolsonaro, não há ilegalidade, cumpra sua promessa! A valorização é precisa e necessária. Cumpra, regulamente. Crie a polícia penal federal com impacto mínimo aos cofres públicos e tenha ganhos enormes na sociedade. Será que vamos ter que esperar um governo que não tem como bandeira a segurança pública para nos valorizar? Presidente Bolsonaro, não dê as costas. Estamos pedindo, quem quer um policia desvalorizada? Só o crime!", complementou em discurso aos presentes.
Valorização
Já o diretor parlamentar da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef) avaliou os ganhos que a Polícia Federal traz aos cofres da União ao recuperar recursos oriundos de crimes e disse que o R$ 1,7 bilhão que a categoria pede representa menos de 20% de valores retomados aos cofres públicos em um ano.
"É a primeira vez que a gente está recebendo um salário melhor no início de um governo do que no final. Veja só. Então, a gente quer que a Polícia Federal continue forte, a gente quer que ela continue atraente, a gente quer que o policial esteja motivado. Nós lidamos com coisas extremamente sensíveis, é extremamente importante valorizar o seu policial, cujo o efetivo é até muito pequeno, se comparado com outros órgãos", disse.
Decepção
Marcus Firme, presidente da Fenapef, lamentou também a falta de diálogo com o governo e argumentou que o reajuste linear de 5% não agrada a outras categorias e ainda descumpre o acordo com a PF.
"Quando soubemos dessa notícia, recebemos com muita ansiedade e decepção. Até mesmo as categorias que não esperavam, não ficaram satisfeitas com reajuste de 5%, que nem cobre a inflação", disse. "Nós não fomos chamados para negociar, falamos com o governo por meio de nossos parlamentares, mas essa falta de conversa com as entidades e com o próprio policial federal é muito ruim."
Sobre as mobilizações, Marcus diz que vai avaliar o avanço das negociações com o governo e deliberar com a categoria antes de caminhar para uma intensificação dos protestos.
"Nós estamos planejando. Logicamente, vai ser feito de acordo com o andamento das negociações e do que tivermos de resposta do governo, e com o que será deliberado pela própria categoria. Estamos em permanente movimentação."
Fizeram parte da manifestação Federação Nacional dos Policiais Federai (Fenapef), Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Associação Nacional dos Peritos Criminais da Polícia Federal (ADPF), Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol).