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Perspectiva de alta mais rápida das taxas de juros nos Estados Unidos e temor de nova desaceleração da economia global desanimam investidores

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, ontem, que tem um "quase perfeito alinhamento com a Câmara e o Senado" e que vem trabalhando com o Legislativo para aprovação de pautas. "Em poucas coisas divergimos, mas é normal na democracia", discursou, na abertura da 23ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, ocorrida ontem, na capital federal, com a presença de prefeitos e vereadores.

Em clima de campanha, Bolsonaro afagou os gestores ao mencionar ter sido muito criticado pela sanção da Lei da Improbidade Administrativa. "Mas tenho certeza de que trabalhamos, com a Câmara e o Senado, para que os senhores tenham mais tranquilidade de trabalhar", frisou. "Estou aqui desde 1991, sei como eram tratados e como é hoje em dia. E os senhores retribuem isso para conosco, isso contribui para o futuro, não só do município, mas do Brasil."

Fundador e presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, fez coro a Bolsonaro. Segundo ele, há alguns anos, os prefeitos eram desrespeitados e "recebidos como cachorros". "Prefeito era sinônimo de mendigo. Antes, a gente tinha de se humilhar no Salão Verde (do Congresso Nacional)", frisou. Ele também mencionou a Lei de Improbidade Administrativa. "Antes, quem queria ser prefeito no Brasil?" De acordo com a lei, para punir um gestor tem de comprovar a intenção dele de cometer crime contra a administração pública.

Ao Correio, o prefeito de Camanducaia (MG), Rodrigo Oliveira (MDB), afirmou que a região é bolsonarista. Questionado sobre a pré-candidatura ao Planalto da senadora Simone Tebet, do mesmo partido dele, foi enfático: "Vamos trabalhar para que chegue o nome dela, mas o eleitorado é de Bolsonaro. Na realidade, para mim, o nome dela é uma surpresa, vamos ouvi-la. Ainda não decidi se sou Tebet ou Bolsonaro".

Já para o prefeito de Santa Terezinha (PB), Arimateia Camboim (Republicanos), a tendência de sua região é de optar pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele disse, no entanto, que se mantém neutro, mesmo que seu partido seja vinculado à base do governo. "Não só eu, mas os prefeitos estão aguardando a decisão dos deputados (federais), mas na minha cidade a tendência é Lula", disse. O gestor, no entanto, fez elogios a Bolsonaro. "Estamos bem servidos de emendas, de governo. O presidente da República tem nos ajudado nas gestões municipais, mas a população está batendo de frente."

Bolsonaro aproveitou o evento para atacar novamente o Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da condenação do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). "Não podemos admitir que alguns de nós, que podem ter certos poderes, interfiram no destino da nossa nação", sustentou. Ele mencionou novamente que a liberdade de expressão é um direito "inegociável".