O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O petista disse que o chefe do Executivo quis "fazer graça" e o chamou de "estúpido".
"Eu acho que Bolsonaro foi estúpido na decisão que ele tomou, nessa graça que ele fez. Eu acho que isso foi medíocre, e eu só não comentei nada porque tudo o que ele queria é o que aconteceu. Ele abafou o carnaval. Tudo que ele quer é que tenha uma permanência no noticiário", afirmou, em entrevistas para youtubers e jornalistas, ontem.
Lula enfatizou que Bolsonaro não governa o país, mas vive de criar polêmicas e fake news e de atacar instituições democráticas. Ele ainda responsabilizou o presidente por "pelo menos metade" das pessoas que morreram durante a pandemia da covid-19 pela falta de ações na área da saúde.
Ele também destacou a situação atual do país no campo econômico. "Eu acho que o Brasil está numa situação muito difícil. Vamos encontrar um Brasil mais quebrado do que eu encontrei em 2003, com mais inflação, mais desemprego, menos massa salarial. Temos muito menos credibilidade interna e externa, e temos uma coisa mais grave que é o desmonte das coisas que funcionavam no Brasil", criticou.
Na entrevista, Lula fez acenos aos evangélicos. Questionado sobre a dificuldade de aproximação com os religiosos, que compõem grande parte da base de Bolsonaro, o ex-presidente destacou que não se pode "confundir o povo evangélico com alguns pastores" e que eles nunca foram tão respeitados quanto no seu governo.
Ele ainda disse que Bolsonaro não acredita em Deus e que as ações dele não condizem com as de um cristão. "Olha nos olhos dele quando ele fala em Deus. Aquilo é uma peça eleitoral, que ele tramou com outros pastores", disparou.
Perguntado sobre as alianças que faz com políticos de centro e direita e se elas podem prejudicar algumas pautas, Lula disse que um presidente não tem de ser de esquerda ou direita, mas tem de conhecer a realidade do país. "A arte de governar é diferente da arte de reivindicar. Você precisa colocar em prática o que você falou", ressaltou. "Nessa campanha, eu vou dar mais importância para a campanha de deputados do que a campanha presidencial. Qualquer presidente eleito hoje, com o orçamento secreto, teria muita dificuldade de governar este país. Nunca antes na história deste país teve um presidente tão rastejante diante do Congresso Nacional."