Conflito de interesses

Petroleiros dizem que indicação de Castello Branco é favorecimento

Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou nota criticando a indicação do ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco por possível favorecimento à presidência do conselho administrativo da 3R Petroleum

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou nota criticando a indicação do ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco por possível favorecimento à presidência do conselho administrativo da 3R Petroleum, empresa privada do setor de petróleo e gás. A 3R vem negociando ativos da Petrobras desde 2019, quando Castello Branco presidia a companhia

De acordo com a nota divulgada pela FUP, "a relação anterior com a 3R demonstra claro conflito de interesses e favorecimento por parte do ex-executivo da Petrobras, uma vez que Castello Branco foi o responsável por liberar a venda dos ativos da estatal". E segue, argumentando que, atualmente, "a 3R Petroleum detém 100% dos polos petroquímicos de Areia Branca, Pescada Arabaiana, Macau e Potiguar (Rio Grande do Norte), além dos polos Fazenda Belém (Ceará), Rio Ventura e Recôncavo (Bahia). Na região Sudeste, também é responsável por 70% do polo petroquímico de Peroá, no Espírito Santo, e 62,5% do polo Papa-Terra, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro". 

Para Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, o caso é grave, uma vez que as negociações entre a Petrobrás e a 3R Petroleum movimentaram cerca de R$ 3 bilhões durante os dois primeiros anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, quando Castello Branco comandava a empresa pública.

"Na época, a 3R comprou uma série de polos de campos maduros de petróleo da Petrobras a preço de banana. Foram preços abaixo do valor de mercado, conforme avaliações feitas não somente pela própria companhia, como também por especialistas na área. Então, é no mínimo estranho termos agora o ex-presidente da Petrobas, que participou dessas negociações, representando a estatal, assumindo a presidência do conselho de administração da 3R Petroleum”, destacou o coordenador.

Segundo ele, a FUP entrará com uma denúncia no Ministério Público para que o caso seja investigado. “Há indícios fortes de beneficiamento, utilização do espaço em que Castello Branco estava anteriormente, e, principalmente, de informações privilegiadas. Esperamos que essa investigação chegue até aquilo que estamos suspeitando”, afirmou Bacelar.

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Conflitos

A nota dos petroleiros também denuncia que, caso Castello Branco assuma a cadeira, não será o primeiro ex-dirigente da companhia a ganhar um cargo na 3R Petroleum, uma vez que Hugo Repsold Jr., ex-diretor executivo de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia da Petrobrás, ocupa, desde março de 2021, o cargo de diretor corporativo e de Gás & Energia na mesma empresa.

Além de Castello Branco e de Hugo Repsold Jr. na 3R Petroleum, outros ex-dirigentes da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo (ANP) também trocaram seus cargos públicos por cargos em companhias privadas do mesmo setor. É o caso de Décio Oddone, ex-diretor da Agência Nacional de Petroleo (ANP) —  entre dezembro de 2016 e março de 2020 — e de Anelise Lara, ex-diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras (entre janeiro de 2019 e março de 2021).

Décio atualmente é diretor-presidente da Enauta, empresa de produção e exploração de campos de petróleo e gás com presença em quatro regiões do Brasil, enquanto Anelise integra o conselho consultivo da Ipiranga. Ambas as empresas negociaram com a Petrobras no período em que Oddone e Lara ocupavam cargos na estatal.

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