Na primeira reunião entre as categorias do funcionalismo e integrantes do governo federal, ontem, o único fato concreto observado pelos representantes das categorias é que serão lentas e árduas as negociações de um reajuste salarial. O Poder Executivo não apresentou qualquer proposta e, dessa maneira, as nuvens de uma paralisação por tempo indeterminado continuam pairando sobre a Esplanada dos Ministérios.
"Não houve nenhum avanço e as mobilizações devem se intensificar nas próximas semanas", afirmou o coordenador do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), Sérgio Ronaldo.
A secretária de Políticas Educacionais e Culturais do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Elenira Vilela, reforçou a dificuldade de se construir um acordo. "O governo anunciou que diria se vai abrir ou não a negociação. Era mentira, como esperado. O que, na verdade, o governo se propôs a fazer foi tentar colocar a responsabilidade da administração do Orçamento nas nossas costas, além de empurrar um pouco para cima do Congresso", criticou.
Elenira faz, ainda, um alerta: não há da parte do governo Bolsonaro qualquer disposição em negociar. "Inclusive, enquanto essa reunião acontecia, foi publicado pelo Ministério da Economia uma nota dizendo isso textualmente", disse.
Dificuldades
As dificuldades de abrir um canal de diálogo com o governo foi percebido até mesmo na convocação da reunião de ontem. Isso porque o governo não admitiu nem mesmo o chamado para o encontro. "Esclarecemos que não partiu do Ministério da Economia qualquer convocação formal dirigida às entidades representativas dos servidores públicos federais para reunião, com o propósito de discutir a pauta de reivindicações de reajustes salariais", disse a nota.
O texto observou, ainda, que a Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, órgão central de gestão de pessoas do Governo Federal, segue atendendo às reuniões pedidas pelos representantes do funcionalismo.
De acordo com o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, o governo federal tem até 4 de julho para conceder reajustes salariais às categorias. E isso, segundo ele, viria de duas maneiras: "A primeira forma é a recomposição inflacionária do ano em curso, limitada à inflação acumulada no momento da concessão — se isso ocorrer no final de junho, estaríamos falando de uns 5%. A segunda é a reestruturação de tabelas salariais. Assim, está claro que o funcionalismo federal ainda tem três meses pela frente para pressionar por reajustes", explicou, acrescentando que a intensificação das mobilizações, nesta semana, mostra que os servidores estão cientes desse calendário.
As categorias de servidores querem um reajuste mínimo de 19,99%, que representa a reposição emergencial referente às perdas que alegam ter amargado em três anos. O governo, porém, estaria estudando formas de atendê-los de forma linear.
Nesta semana, circulou nos bastidores das negociações a possibilidade de que a União tentaria dar 5% para todos os funcionários públicos. Mas, para tanto, seria preciso uma revisão do Orçamento da União a fim de adicionar R$ 5 bilhões para bancar o reajuste.