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Entre os campeões do desemprego

Levantamento feito pela agência Austin Rating, com base em projeções do FMI, indica que, devido ao baixo crescimento da economia, o Brasil ficará este ano em 9º lugar numa lista de países com maior taxa de desocupação

Isabel Dourado*
postado em 29/04/2022 00:01
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

Um levantamento feito pela agência de classificação de risco Austin Rating aponta que o Brasil deve aparecer entre os 10 países com as maiores taxas de desemprego no mundo em 2022. Com um índice de 13,7% da população ativa sem trabalho, o país terminará o ano, segundo o estudo, na 9ª posição da lista. O trabalho foi feito com base em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 102 países. O Brasil tinha ficado com a 16ª pior posição em 2021 e com a 22ª em 2020, ou seja, a situação se agravou nos últimos anos.

A média global de desemprego para este ano, ainda de acordo com o estudo, será de 7,7%. O Brasil, além de apresentar situação bem pior, tem uma taxa maior do que a média das nações emergentes (8,7%). Além disso, o índice de desocupação no país é o segundo mais elevado entre os membros do G20, o grupo das maiores economias do mundo, perdendo somente para a África do Sul.

Desde 2016, o desemprego no Brasil supera os dois dígitos. A menor taxa da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi registrada em 2013, quando ficou em 6,3%. O último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registra que, no trimestre encerrado em fevereiro passado, a taxa de desemprego no país foi de 11,2%, indicando que 12 milhões de brasileiros estão à procura de trabalho.

Virginia Prestes, professora de finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), de São Paulo, explicou que o desemprego está diretamente relacionado ao baixo crescimento econômico do Brasil. "O país teve uma década perdida em o PIB (Produto Interno Bruto) ficou praticamente estagnado, enquanto o mundo crescia. Por outro lado, a gente teve uma inflação muito alta. Isso corrói o poder de compra, e, nesse cenário, as empresas não têm por que investir e contratar mão de obra", disse. Além disso, "a legislação trabalhista é complexa e não incentiva a criação de emprego com carteira assinada".

Bruno Carazza, mestre em economia pela Universidade de Brasília, afirmou que a economia brasileira vive há muito tempo uma grande perda de dinamismo, que se reflete na taxa de desemprego. "Existem fatores conjunturais que levam a isso, como a sequência de crises que vivemos desde 2015, com a recessão gerada durante o governo Dilma e a pandemia", observou.

"Nossos trabalhadores estudam pouco, em comparação a outros países, e o ensino, em geral, é de má qualidade. Da parte das empresas, existem muitas barreiras comerciais que encarem a incorporação de tecnologias. O crédito caro e a insegurança jurídica também travam os investimentos. São várias questões que dificultam o crescimento sustentável do PIB brasileiro e comprometem a geração de empregos", concluiu Carazza.

* Estagiária sob a supervisão
de Odail Figueiredo

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