Mercado financeiro

Real volta a desvalorizar frente ao dólar; moeda fecha a R$ 4,8755

Iniciativas de lockdown na China desestabilizaram a economia global, já tensionada pelos juros nos Estados Unidos e pela guerra entre Rússia e Ucrânia

Michelle Portela
postado em 25/04/2022 21:28 / atualizado em 25/04/2022 21:28
 (crédito:  Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )

Na volta do feriado prolongado, a segunda-feira (25/4) foi marcada por forte aversão ao risco nos mercados no exterior por conta da nova alta de covid-19 na China e as consequências no mundo. As iniciativas de lockdown na segunda maior economia desestabilizaram a economia global, já tensionada pelos juros nos Estados Unidos e pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

O real foi a moeda que mais perdeu para o dólar nesta segunda. Após registrar máxima de R$ 4,9493, o dólar desacelerou o ritmo de ganhos nas últimas três horas de pregão, e fechou em alta de 1,47%, a R$ 4,8755 - maior valor de fechamento desde 22 de março (R$ 4,9152).

A desvalorização do real foi motivada por dois movimentos. O primeiro é a queda de commodities e a busca por ativos mais seguros, de acordo com o economista-chefe da Necton, André Perfeito. “Os juros nos EUA caem apontando que os investidores correram para debaixo da saia do Tesouro Norte-americano em busca de proteção. Neste sentido, é natural ver as divisas perderem contra a moeda referência global”, disse.

O segundo fator envolvem a crise institucional entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Supremo Tribunal Federal (STF), contrário à graça presidencial concedida ao deputado federal Daniel Silveira (PTB/RJ). “É sabido que isto vai se tornar uma fonte adicional de ruídos entre as duas instituições e que está longe de um desfecho”, explica Perfeito.

O economista aponta que também preocupa a tensão criada entre o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e as Forças Armadas sobre a lisura das urnas eletrônicas. “Este assunto cria um clima de instabilidade forte para o pleito de Outubro e este tema é central para muitos investidores internacionais que veem na estabilidade democrática um ponto fundamental para investimentos de longo prazo”, avalia.

Com isso, a inflação motivada principalmente pelo preço dos combustíveis não tende a recuar. “Quanto ao dólar, boa parte dos produtos e matéria prima são precificados mediante o utilizando como referência. Uma alta generalizada pode fazer com que os preços de boa parte de matéria prima bem como o impacto com os combustíveis possam ser sentidos pelos consumidores brasileiros”, disse Sidney Lima, analista da Top Gain, consultoria financeira.

“Nós pegamos um movimento de comprador muito forte, oriundo de capital estrangeiro. Isso é em meados de março, a metade do mês de março até é basicamente dia um do quatro, ou seja, quinze dias de um fluxo estrangeiro forte vindo pro Brasil. Entretanto, o mercado lá fora, as coisas começaram a não se mostrarem numa boa previsibilidade”, ressaltou Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, gestora de fundos de investimentos.

Ibovespa

Há temores de que uma perda de fôlego simultânea das duas principais economias do mundo abale a atividade global. Enquanto os Estados Unidos ainda avaliam os efeitos da alta de juros do Federal Bank, a China convoca novo lockdown para Xangai. Isso tudo também levou o Ibovespa a cair 0,35% neste início de semana, fechando em 110.684,95 pontos.

Nesse contexto, as cotações do petróleo caíram mais de 5%, com o tipo Brent, referência para Petrobras, perto do piso dos US$ 100 o barril. O minério de ferro negociado em Cingapura recuou quase 10%.

 

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