Os países árabes estão garantindo boa parte dos fertilizantes usados pela agricultura brasileira, em meio à escassez desses produtos provocada pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Juntos, os árabes, liderados por Marrocos, Jordânia e Catar, garantiram, somente no ano passado, US$ 4,2 bilhões em adubos ao Brasil, volume muito superior aos US$ 3 bilhões fornecidos pelos russos. A perspectiva é de que as nações árabes ocupem cada vez mais espaço nesse mercado.
Segundo o embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, há um amplo caminho para o aumento do comércio entre o Brasil e os 22 países da Liga Árabe. Hoje, a corrente de comércio entre os dois lados soma pouco mais de US$ 24 bilhões, com saldo positivo para o Brasil entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões ao ano. A tendência é de que as transações cresçam entre 10% e 15% nos próximos anos.
Chohfi ressalta que o Brasil é responsável por garantir a segurança alimentar dos países árabes, grandes consumidores de proteína animal (carnes bovina e de frango), soja, milho e açúcar. Em contrapartida, o país importa do Oriente Médio, além de fertilizantes, produtos petroquímicos e alumínio. “Há um bom espaço para ampliar as trocas comerciais. O Brasil, inclusive, precisa exportar produtos de maior valor agregado, como aviões e automóveis. Não podemos esquecer que o país já foi grande fornecedor de carros para os árabes”, afirma.
As oportunidades vão além, diz o embaixador. Os árabes são potenciais investidores em áreas importantes como infraestrutura, petroquímica, agricultura e turismo. “São trilhões de dólares disponíveis para bons negócios. Não custa lembrar que, dos 10 maiores fundos soberanos no mundo, cinco são árabes”, enfatiza. Ele ressalta, porém, que os investidores do Oriente Médio são muito cuidadosos na escolha de projetos, sempre se preocupando com a segurança jurídica dos contratos e a previsibilidade da economia.
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Escritório
De olho no estreitamento de parcerias, especialmente com pequenas e médias empresas do Centro-Oeste, e em mais proximidade com o governo e o Congresso, a Câmara abre hoje, em Brasília, um escritório de representação. “Vamos estar mais próximos das empresas do Norte e do Centro-Oeste do Brasil, que já têm comércio firme com a Liga Árabe, sobretudo de alimentos, e que, certamente”, diz Chohfi. “Vamos, também, identificar mais facilmente oportunidades de cooperação estrutural entre empresas árabes e brasileiras, que vão além do mero intercâmbio de bens”, complementa.
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