Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que, em fevereiro, 60,5% dos 119 reajustes dos trabalhadores do setor privado ficaram abaixo da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São dados preliminares, mas, em termos percentuais, se aproximam do observado em janeiro de 2021, quando foram analisados 2.315 reajustes.
Outros 15,1% dos reajustes de fevereiro tiveram valor equivalente ao da inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Os demais 24,4% ficaram acima do índice inflacionário medido pelo IBGE.
"A gente vê os indicadores da economia, que ainda estão patinando. Esse é um contexto que joga contra as negociações coletivas. O que a gente tem observado é que as categorias mais sindicalizadas estão conseguindo repor pelo menos o INPC. É um cenário de muita instabilidade e vai requerer muita atenção dos trabalhadores, que têm de focar no poder de compra", explicou o sociólogo Luís Ribeiro, técnico responsável pelo levantamento.
No próximo 1º de Maio, sete centrais sindicais — entre elas Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) — farão um ato unificado em São Paulo. Candidato do PT à Presidência da República, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva será o principal convidado e deve discursar no evento.
De acordo com Miguel Torres, presidente da CTB, a reposição das perdas da inflação é uma das bandeiras dos trabalhadores, que debatem com os presidenciáveis a revisão da reforma trabalhista de 2017. "A reforma foi nefasta. Tudo o que prometia trazer desenvolvimento e emprego trouxe precarização. Com isso, as condições de trabalho ficaram piores", avaliou.
Um dos principais problemas apontados pelos sindicalistas é possibilidade de negociação direta entre patrão e empregado, sem a presença de um representante sindical.
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