SETOR AUTOMOTIVO

Produção de veículos no Brasil cai 17% no primeiro trimestre de 2022

Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirmou que o conflito entre Rússia e Ucrânia impactou o desempenho do setor

Maria Eduarda Angeli*
postado em 08/04/2022 17:06 / atualizado em 08/04/2022 17:06
 (crédito: REUTERS/Washington Alves)
(crédito: REUTERS/Washington Alves)

Um levantamento da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) revelou que a produção de veículos leves e pesados caiu em 17% no primeiro trimestre deste ano na comparação com 2021. Um recuo já era previsto, mas a queda acabou superando as expectativas da associação — que observou um deficit de 29 mil unidades em relação à estimativa original para o período.

Divulgados nesta sexta-feira (8/4), os números não são tão surpreendentes assim. É o que afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, alegando que já havia conhecimento de que seriam enfrentadas dificuldades com fornecimento de semicondutores, que impactaram as atividades em algumas empresas.

Em março de 2022, houve uma redução de quase 8% quando considerado o total registrado em março de 2021. Licenciamentos de veículos novos também caíram, em 23,2%, em vista do primeiro trimestre do ano passado. Atualmente, há 125,5 mil automóveis parados nas concessionárias e nos pátios de montadoras, conforme informou a Anfavea. Esse é o pior desempenho em 17 meses.

Além disso, a guerra no leste europeu, bem como um novo surto de covid-19 na China, acabaram provocando uma reação de recuo no setor, que não tinha como se preparar para esses eventos. “A gente não tinha essas coisas no nosso radar quando fez a previsão da produção. Então, em relação ao nosso plano, estamos um pouquinho abaixo”, explica Moraes.

“Para os próximos trimestres, essa produção deve aumentar. A gente espera que o segundo, terceiro, quarto trimestres sejam um pouco melhores, que a gente rode uma produção mensal de em torno de 190 mil unidades”, projeta.

Já neste mês, a quantidade de unidades montadas apresentou elevação de 11,4% na comparação com fevereiro. Por outro lado, o executivo acredita que haverá uma limitação da demanda em razão dos altos juros adotados para controle da inflação.

IPI

O presidente da Anfavea destaca ainda que a associação segue com esperança de uma nova redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que deve dar impulso ao segmento. A alíquota já sofreu queda de 25%, mas pode chegar a 33%.

“Estamos verificando isso diariamente e, de fato, esperamos essa nova rodada. Todos os estados têm que ter essa redução do IPI, independentemente do que está acontecendo na Zona Franca [de Manaus]. É um imposto que não deveria existir. Então, a gente espera chegar lá”, comentou Luiz Carlos Moraes.

Na última semana, a promessa de mais um recuo do imposto foi reforçada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes: “Vamos repetir a dose: como reduzimos o IPI em 25% e vamos reduzir em 33%, faremos outra rodada de 10% nas tarifas de importação novamente”.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação