Após encerrar as negociações da véspera com recuo de 1,97%, a 118.885 pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão desta quarta-feira (6/4) novamente em queda, acompanhando o mau humor internacional, inaugurando novos pisos. Já o dólar voltou a subir hoje e era cotado a R$ 4,70 para a venda, com valorização de 1,07%, às 11h53.
O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, chegou a atingir o piso de 117.473, caindo 1,18% pouco antes das 11h. Apesar de ter reduzido um pouco as perdas, não conseguiu se sustentar acima de 118 mil pontos por muito tempo. Às 11h56, recuava 0,85%, a 117.873 pontos.
As ações da Petrobras, uma das empresas com maior peso no IBovespa, apresentaram leve alta pela manhã, mas não foram suficientes para conter a nova queda do índice. A nova sucessão da estatal está no centro da confusão gerada pelo governo.
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam no vermelho. Na Alemanha, o Índice DAX apresentava uma das maiores quedas, de 2,22%, às 11h52.
De acordo com o economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, Eduardo Velho, a piora nos indicadores da China, com queda acentuada em serviços e a revisão para baixo da atividade dos Estados Unidos são fatores para pressionar as bolsas para baixo hoje.
Além disso, a expectativa de que a ata do Fomc, o comitê de política monetária (Copom) dos EUA, que será divulgada na tarde de hoje, indique que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) será mais agressivo no ajuste monetário tem elevado a curva de juros futuros, principalmente os de curto prazo, e contribuído para o mau humor das bolsas.
Segundo o economista Eduardo Velho, o aumento das sanções pela União Europeia contra a Rússia é um catalisador para puxar para cima as commodities e a inflação global.
“As tensões entre Ucrânia e Rússia se amplificam, o que reduz as chances do término da guerra no curtíssimo prazo. Avaliamos que a ata do Federal Reserve deverá ser enfática no tom hawkish (agressivo), o que deverá elevar a probabilidade na curva futura de que o ritmo de aumento dos juros de 50 pontos-base não seja limitado às duas próximas reuniões apenas pela curva futura. Além da taxa de juros, consideramos que uma redução mais rápida do balanço patrimonial do Fed deveria ser acionada, mas com viés negativo para o mercado acionário”, destacou.
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Pressões inflacionárias
No Brasil, os dados de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), que registrou alta de 2,37% no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de março, elevou as previsões para uma taxa básica de juros (Selic) acima de 13% neste ano, piorando as expectativa dos operadores com o mercado acionário, de acordo com Velho.
“Estimamos continuidade do movimento de alta dos juros curtos do DI com pressão dos yields mas com inflação do IGP-DI de março elevado de 2,37%, pressionando a necessidade de Selic superior a 13% anuais na curva no primeiro semestre. Não será fácil a tarefa do Banco Central de interromper a alta dos juros em 12,75% enquanto aumenta o diferencial de expectativas ante à meta”, alertou.
André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, lembrou que a expectativa do mercado para o IGP-DI era de 2,10% e a alta de 2,37% foi “muito ruim”, e que nem mesmo a valorização do real frente ao dólar ajudou a reduzir as pressões inflacionárias. “Os números de hoje sugerem mais uma vez que o BC deverá subir 100 pontos-base na próxima reunião e depois pelo menos mais 50 pontos-base fazendo a taxa básica fechar o ciclo em 13,25%”, disse.
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