Categorias de funcionalismo prometem intensificar mobilizações caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conceda o reajuste salarial ou não volte atrás na proposta que fez aos policiais. O aviso vem um dia após os servidores do Banco Central (BC) declararem greve por tempo indeterminado.
No início da semana, servidores do Banco Central (BC), aprovaram greve geral por tempo indeterminado. Com a adesão de 90%, segundo a categoria, a paralisação começa em 1° de abril. Segundo o presidente do Sinal, Fábio Faiad, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, não apresentou nenhuma proposta oficial. "Parece que vai ter uma reunião semana que vem com os ministros, e eles vão tentar ver uma solução. Com isso vamos manter a greve e aguardar na semana que vem os resultados", disse o sindicalista.
O presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central (SinTBacen), Diego Rodrigues, afirma que a mobilização tem dois objetivos. O primeiro é reestruturar a carreira. "Os técnicos da autarquia estão há quase 20 anos reivindicando o cumprimento dos acordos para a reestruturação da carreira de especialista do Banco Central", explicou.
O segundo ponto reivindicado é o reajuste salarial de 27%. "Nos últimos três anos, os servidores sofreram uma perda de 55% (IGPM) do valor real da remuneração", disse Rodrigues. Ele afirmou que, com a paralisação, os serviços de distribuição de numerário na rede bancária nacional, atendimento ao público, transações via Pix e segurança, entre outros, poderão ser afetados.
Os servidores do Tesouro também estão mobilizados. Aprovaram ontem uma paralisação de dois dias — no dia 1° de abril e próxima terça (5/4). Eles pedem reajuste salarial de 19,9%, índice que repõe a inflação entre 2019 e 2021. O Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Nacional) pontuou que o grupo deve se reunir na próxima terça, para decidir se haverá greve por tempo indeterminado.
Ato público
Os Auditores-Fiscais da Receita Federal realizaram ato público em frente ao Ministério da Economia, em Brasília, na tarde de ontem. Participaram da manifestação lideranças das 82 Delegacias Sindicais do Sindifisco Nacional e representantes dos Comandos de Mobilização de todo o país.
O intuito foi cobrar do ministro Paulo Guedes, a recomposição do orçamento da Receita Federal e a realização de concursos públicos para repor a perda de 40% do efetivo ocorrida nos últimos anos.
Os sindicalistas também cobraram do governo federal a regulamentação da Lei 13.464/2017, aprovada e sancionada há mais de cinco anos, que trata da instituição da gratificação de desempenho para a categoria, entre outras medidas de estruturação da carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal.
Segundo o presidente do Sindifisco Nacional, Isac Falcão, a situação é grave porque cortes orçamentários comprometem o funcionamento da Receita Federal a partir de maio. "O déficit de Auditores-Fiscais e a falta de regulamentação da Lei 13.464 são outros fatores que inviabilizam o funcionamento do órgão", disse. "O governo federal não pode mais postergar a solução dessas questões. A sociedade brasileira precisa da Receita Federal e precisa de um governo", alertou Falcão.