O Imposto de Renda 2022 (IR) está a todo vapor. De acordo com a Receita Federal, foram recebidas, até o último balanço, divulgado na tarde da última sexta-feira, pouco mais de 5 milhões de declarações. Neste ano, o prazo ficou mais curto: só é possível entregar a documentação até o dia 29 de abril — ao passo que o aplicativo para preenchimento da DIRF foi liberado no dia 7 de março. Com quase duas semanas passadas dentro do prazo, é preciso ficar atento para não deixar o envio para a última hora e ficar sem tempo hábil para a resolução de imprevistos.
O sistema de recepção de declarações da Receita funciona 20 horas por dia — o único período em que o uso fica inviabilizado é entre 1h e 5h. Mesmo assim, há aqueles que deixam para fornecer as informações ao Fisco perto do fechamento da plataforma. Esse é um dos hábitos que faz muitos caírem na temida malha fina, pois falta tempo para correção de erros e revisão dos números.
O diretor do Departamento de Assessoria Fiscal a Pessoas Físicas da BDO, Cleiton Felipe, alerta que não há nenhuma expectativa de extensão do prazo, como foi feito no ano passado e retrasado. "Quanto antes o contribuinte entrega a declaração, antes ele consegue verificar se existe ou não alguma pendência de malha fina, para corrigi-la e enviar a retificação ainda dentro do prazo", justificou. "Outra razão para entregar a documentação antes é evitar o congestionamento do sistema da Receita nos últimos dias."
Outra razão para se adiantar na prestação de contas ao Leão é a fila da restituição. Quem envia o reporte antes recebe o dinheiro da tributação excedente antes — geralmente a partir do segundo lote, já que o primeiro costuma ser preenchido por aposentados, professores e pessoas com deficiência, prioridades no recebimento.
"Quando se entrega a declaração nos últimos dias, geralmente você não tem tempo de revisar, dar uma olhada geral com calma, analisar as informações. Então acaba entregando daquela maneira, com erros que poderiam ser facilmente evitados", finalizou Cleiton Felipe.
A sócia-diretora da Seteco Consultoria Contábil Adriana R. Alcazar, corrobora com a visão. Para ela, a declaração merece uma organização para evitar cometer erros por falta de análise. "Quando se deixa para a última hora, erros comuns podem levar a situação de análise pela Receita Federal (malha fina). Um dos principais erros é a omissão de rendimentos. Ou incluir um dependente que tenha renda, mas não informar o valor", afirmou Alcazar. "Despesas médicas também merecem atenção. Como o valor para dedução de gastos com saúde não tem limite, os contribuintes acabam aumentando as despesas realizadas e deduzem gastos com pessoas que não são suas dependentes na declaração. Então, não tem jeito: é dor de cabeça na certa!", informou.
De acordo com a sócia-diretora da Seteco Consultoria Contábil, os cinco erros mais comuns são: preencher informações de maneira incorreta, fraudar documentos, não guardar as declarações dos últimos cinco anos, omitir rendimentos e declarar despesas médicas irreais. "Com esses cuidados, é bem provável que o contribuinte se livre de cair na malha fina. Na dúvida, a recomendação é sempre pedir ajuda a um contador", pontuou.