Enquanto os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentam destravar o projeto de privatização da Eletrobras no Tribunal de Contas da União (TCU), o conselheiro econômico do PT, Guilherme Mello, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), não poupa críticas ao projeto. Para ele, a proposta corre risco de ser judicializada.
“O modelo é muito questionável, tem uma série de jabutis e pode acabar sendo judicializado”, disse Mello, pouco antes de participar do seminário organizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), nesta terça-feira (15/3), em Brasília. Ele lembrou que o TCU ainda apontou problemas na modelagem da operação e reforçou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já se pronunciou contra a privatização da companhia.
Coordenador do núcleo de política econômica da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, Mello informou que o consenso entre os economistas da entidade é o posicionamento contrário a privatização da Eletrobras. A venda da companhia foi prometida pelo governo Michel Temer (MDB) e pelo ministro Paulo Guedes desde o início da gestão Jair Bolsonaro (PL), mas continua tendo dificuldades para avançar.
“Existe um consenso de que não devemos avançar com o modelo atual de privatização da Eletrobras e que não tem sentido fazer novas privatizações. Somos contra a privatização da Eletrobras”, reforçou o conselheiro do PT.
De acordo com especialistas que são críticos aos jabutis que foram incluídos no projeto de privatização da Eletrobras, há dispositivos que obrigam a empresa contratar usinas a carvão e subsídios para a construção de termelétricas a gás em áreas onde não há gasoduto, que podem encarecer ainda mais a já elevada tarifa da conta de luz.
Transição energética
Em relação à Petrobras, Mello defendeu a necessidade da retomada de um processo de investimento que volte a olhar a companhia como uma empresa de energia e não apenas exportadora de petróleo cru. “A Petrobras ajudaria na transição econômica e na transição energética do país”, afirmou.
“O país já chegou a ter uma capacidade de refino de 80% da produção, hoje esse percentual é bem menor, em torno de 60%. E a minha impressão é que a Petrobras é uma empresa que ajudaria a desenvolver o Brasil. Você acha que uma empresa apenas exportadora de petróleo cru tem um futuro brilhante pela frente? As grandes petrolíferas estão se tornando empresas de energia e a Petrobras poderá ficar para trás nesse processo. Essa é a grande questão", destacou.