O Distrito Federal está na liderança na inadimplência da região Centro-Oeste. Segundo dados divulgados ontem pelo Serasa, o percentual de devedores em Brasília e cidades adjacentes é de 48,04%.
Mas essa não é a única liderança negativa do DF. Detém, também, a do maior valor médio das dívidas mais elevadas, de R$ 5.940,57 — 47,68% acima da brasileira, em R$ 4.022,52. Na segunda colocação no Centro-Oeste está o Mato Grosso do Sul, com média de R$ 4.380,25, seguido do Mato Grosso — R$ 4.360,30 — e de Goiás R$ 4.092,41.
Aproximadamente 44% da população do Centro-Oeste está inadimplente, percentual acima da média nacional, que está em 40,3%. Seguido do DF, Mato Grosso (47,67%), Mato Grosso do Sul (44,28%) e Goiás (39,39%) completam a lista de populações inadimplentes.
A dívida média do Centro-Oeste é 14,12% acima da brasileira e, segundo o Serasa, nenhum estado da região está abaixo da média do país. De acordo com Flávia Cosma, gerente da instituição, os números ruins do Distrito Federal pode ser explicado pelo fato de ter a renda média mais alta do país, o que leva a dívidas também mais altas.
"Empréstimos, cartões de crédito, cheque especial, têm limites mais altos. Então, viram bolas de neve", disse.
De acordo com o Serasa, de setembro de 2021 a janeiro deste ano, houve um crescimento de 4,19% da inadimplência em todo o país país em 4,19%.
Cíntia Senna, mestre em educação financeira, concorda com a análise da executiva do Serasa. Ela salienta que que maior renda não significa um melhor controle das finanças.
"Quem ganha muito, muitas vezes não tem limite, pois não pensa no gasto. E mesmo que sejam os gastos do dia a dia, ainda podem ser desperdícios", afirmou.
Maiores vilões
Ao analisar a situação financeira do brasileiro, o Serasa explicou que a maior parte das inadimplências tem origem nos bancos e cartões de crédito — no Brasil, esse índice é de 28,4% e, no Centro-Oeste, de 27,1%). Na média do endividamento brasileiro, tais débitos representam 23,7%, enquanto que, no Centro-Oeste, é de 20,1%.
Para o economista Paulo Paiva, o consumidor passará a cair menos na armadilha da dívida quando a sociedade levar a sério que se deve investir em campanhas de "desindividamento". "O importante é identificar os padrões de comportamento de compras por impulso. Também é necessário entender que os gastos devem estar dentro do orçamento e usar o cartão de crédito parcimoniosamente, sem perder o controle de parcelamentos, ter a capacidade de pagar a fatura de uma única vez e, sobretudo, ficar atento aos gastos sempre dentro do limite do cartão", alertou. (DHC)