Serasa divulgou nesta sexta-feira (11/3) dados sobre o cenário da inadimplência no Brasil e no Centro-Oeste. Segundo a instituição, de setembro de 2021 a janeiro de 2022, houve um crescimento do endividamento no país em 4,19% — de 62,21 milhões para 64,82 milhões.
Conforme a Serasa, 43,58% da população do Centro-Oeste está inadimplente, acima da média brasileira, de 40,3%. Das unidades federativas que compõem a região, o Distrito Federal é o mais devedor (48,04%), seguido por Mato Grosso (47,67%), Mato Grosso do Sul (44,28%) e Goiás (39,39%).
No Distrito Federal, o valor médio das dívidas chega a R$ 5.940,57 (47,68% acima da média brasileira de R$ 4.022,52). Em seguida aparecem Mato Grosso do Sul (R$ 4.380,25), Mato Grosso (R$ 4.360,30) e Goiás (R$ 4.092,41). A dívida média do Centro-Oeste está 14,12% acima da média brasileira. Segundo a Serasa, nenhuma unidade federativa da região está abaixo da média do país.
O valor das dívidas por estados está na casa dos bilhões. Goiás fica em em primeiro, com a inadimplência em R$ 8,7 bilhões, seguido do Distrito Federal (R$ 6,8 bilhões), Mato Grosso (R$ 5,4 bilhões) e Mato Grosso do Sul (R$ 4 bilhões). Somados, chegam a R$ 24,9 bilhões — a critério de comparação, o resultado é um pouco menor do que o superavit recorde de abril deste ano do Brasil (R$ 24 billhões).
Segundo a apresentação de hoje, o cenário inflacionário de 5,56% — conforme o Boletim Focus desta semana — está acima do centro da meta (3,5%) e corrói a renda do brasileiro. A Serasa destacou que os preços estão mais elevados do que a inflação, repercutindo a alta dos combustíveis devido à dependência do frete de mercadorias pelo modal rodoviário. Para coroar, o Banco Central (BC) mantém a taxa de juros elevada em 10,75%, freando o desenvolvimento.
Gastos
Ao analisar a situação financeira do brasileiro, a Serasa explicou que a maior parte das inadimplências tem origem nos bancos e nos cartões de crédito. No cenário brasileiro, essa fatia representa 28,4%; no Centro-Oeste, 27,1%. Depois, vem os “utilities” ou “passivos”, que são as contas básicas como água, luz e gás. Na média de endividamento brasileiro, eles representam 23,7%; no Centro-Oeste, 20,1%.
Serasa explicou que mais de 70% dos brasileiros compram alimentos com cartões de crédito, ou seja, os utilities são vinculados aos gastos com cartões, demonstrando que as contas básicas, incluindo alimentos, são os principais motivos do endividamento.
Por último estão as dívidas com o varejo. No cenário médio do Brasil, elas representam 12,4%; no Centro-Oeste, 16,4%.
Feirão
De 7 a 31 de março, a Serasa promove o Feirão Limpa Nome. De acordo com a instituição, 20 milhões de dívidas podem ser negociadas por até R$ 100; e 15 milhões, por até R$ 50. Há ainda a chance de perdão de até 99% na dívida. O objetivo é dar ao atual devedor a possibilidade de retomar crédito e aumentar o score.
O Correio questionou a reincidência para inadimplência, devido à característica do uso dos cartões para gastos cotidianos como supermercados. “Está acontecendo muita renegociação e reincidência. Temos avaliações de crédito e tentamos não fornecer mais para a pessoa que tem problemas de dívidas no nome dela. Passamos a ser mais criteriosos", explicou Flavia Cosma, gerente da Serasa