Mercado mantém otimismo
A expectativa de um possível cessar-fogo dos russos na Ucrânia encheu o mercado internacional de otimismo. Por sua vez, o Brasil, um dos principais mercados emergentes procurados pelos investidores internacionais com apetite ao risco, viu o real voltando a se valorizar.
No fim da manhã de ontem, o dólar chegou a ficar abaixo de R$ 5, cotado a R$ 4,985. Mas a divisa norte-americana não conseguiu se manter nesse patamar e encerrou o pregão a R$ 5,011 para a venda, com queda de 0,84% em relação à véspera. Foi a segunda sessão seguida de perdas para a moeda norte-americana enquanto as bolsas de valores, inclusive a do Brasil, fecharam no azul.
Fontes da equipe econômica continuam otimistas com o volume crescente de investimentos externos, em busca de juros cada vez mais elevados dos títulos públicos e dos ativos baratos da Bolsa. “O Brasil é um dos mercados mais atraentes para esse tipo de investidor”, destacou um integrante do governo.
Selic a 14%
Para Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, apesar da queda do petróleo e da alta das bolsas internacionais e da B3, ainda não é possível vislumbrar o dólar abaixo de R$ 5 por um período mais prolongado, apesar do fluxo favorável de capital estrangeiro para o país. “A busca de uma solução diplomática para a guerra na Ucrânia melhorou o humor do mercado, que está reagindo a uma antecipação do recuo da Rússia. A expectativa é de que a guerra pode acabar rápido”, explicou.
Segundo o Banco Central, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 507 nos primeiros quatro dias de março. Desde janeiro, a entrada líquida de dólares no país somou US$ 8,340 bilhões. Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembrou que esse cenário positivo para o dólar é reflexo de uma perspectiva ruim para o consumidor, porque, como a inflação tende a subir por conta do choque de preços das commodities provocado pela guerra, o mercado está se antecipando para uma taxa de juros acima de 13% ou de 14% no fim do ano.
“O carry trade (diferença entre os juros pagos daqui e os lá de fora) está voltando, e isso ajuda a explicar o real valorizado”, comentou Cruz. “Diante do choque de preços do petróleo, o ciclo de alta de juros, que terminaria em 12,25%, já começa a ficar acima de 13% e pode ficar bem acima desse patamar, dependendo dos próximos indicadores de inflação”, alertou.