Conjuntura

Remédios ficarão mais caros a partir de 1º de abril

Câmara que anuncia o reajuste anual de remédios se reúne esta semana. Segundo a indústria, a alta deverá acompanhar o IPCA, que está em 10,89%

Maria Eduarda Angeli*
Michelle Portela
postado em 30/03/2022 06:00 / atualizado em 30/03/2022 07:20
 (crédito: stevepb/Pixabay)
(crédito: stevepb/Pixabay)

Remédios deverão ficar mais caros nos próximos dias. Nesta semana, a Câmara de Regulamentação do Mercado de Medicamentos (Cmed) divulga a nova tabela de preços, com data de vigência a partir de 1º de abril. De acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), a alta deverá ser de pelo menos 10%.

O reajuste deve acompanhar os índices inflacionários. O cálculo para os preços de medicamentos é feito anualmente pela Cmed. Segundo dados do IBGE, os valores de alimentos (23,15%) e transportes (22,28%) subiram bem mais do que os remédios no biênio.

No ano passado, as medicações sofreram elevação abaixo da inflação: 6,17%, ante os 10,06% acumulados pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). Em 2020, ano de início da pandemia de covid-19, a inflação nos produtos chegou a ser negativa (-2,28%). Em 2022, o IPCA em 10,89% deverá servir de referência à projeção mínima de reajuste.

De acordo com o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, "os medicamentos têm um dos mais previsíveis e estáveis comportamentos de preço da economia brasileira". Foram apontados pelo Sindicato outros fatores para a manutenção de preços, como os impostos embutidos no preço dos medicamentos. A carga tributária equivale a até 32% do valor final pago pelo consumidor.

Além disso, hipertensivos, medicamentos para diabetes e outros produtos para doenças de larga incidência oferecidos gratuitamente no Programa Aqui Tem Farmácia Popular são vendidos pelos fabricantes por valores de reembolso baixos, que não são reajustados há anos.

"É importante o consumidor pesquisar nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde. Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer", justifica Mussolini.

Em nota, a Sindusfarma afirmou que nenhuma empresa pode aumentar o preço máximo ao consumidor (PMC) de seus produtos sem autorização do governo. "Uma única vez a cada ano, os aumentos de custo de produção acumulados nos 12 meses anteriores podem ser incorporados ao preço máximo ao consumidor (PMC) dos medicamentos, a critério das empresas fabricantes, aplicando-se uma fórmula de cálculo criada pelo governo".

A unidade sindical destacou ainda que a cotação do dólar chegou a aumentar quase 40% no último biênio, enquanto custos com contratação de frete e seguros tiveram alta de 10% e gasto com embalagens, considerando a moeda norte-americana, 40%. No acumulado do ano passado e o anterior, a inflação geral somou 78,91%, ao passo que os preços de medicações variaram pouco menos de 56%, conforme o IPCA.

Expectativa

A bancária Tatiana Castro, de 47 anos, diz que um possível aumento de 10% é "absurdo" e deve impactar em muito seu orçamento. "É muita coisa. Eu faço uso de medicação controlada. Ao longo desses últimos anos, o preço vem aumentando muito, de forma bem desproporcional", relata.

"(O aumento) vai interferir muito no orçamento, porque a minha compra de remédio não é uma coisa de R$ 40, R$ 50. É em torno de uns mil reais, quase, por mês. Então interfere muito, R$ 100 é muita coisa", completou.

*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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