CONJUNTURA

Copom avalia que guerra entre Rússia e Ucrânia deve pressionar inflação

Para as projeções a partir de 2023, o Banco Central decidiu manter sua premissa mais conservadora

Fernanda Strickland
postado em 22/03/2022 11:16 / atualizado em 22/03/2022 11:17
 (crédito: Raphael Ribeiro/BCB)
(crédito: Raphael Ribeiro/BCB)

A Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), avaliou, nesta terça-feira (22/3), que a crise provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia pode influenciar pressões inflacionárias que já estavam presentes no Brasil.

Segundo o Copom, no cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. "O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas", explica na ata.

Desde a última reunião, a maioria das commodities teve avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas. “A reorganização das cadeias de produção globais, com a criação de redundâncias na produção e no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa e as sanções aplicadas à Rússia”, apontou.

De acordo com o Copom, esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e isso se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens. Na última atualização, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, ao patamar de 11,75% ao ano, reduzindo a intensidade do aperto monetário após três altas consecutivas de 1,5 ponto.

Serenidade

O Comitê observou, ainda, que o atual ambiente de incerteza e volatilidade elevadas demanda serenidade para a avaliação dos impactos de longo prazo do atual choque e, portanto, optou por comparar essa hipótese com os preços de contratos futuros de petróleo, negociados em Bolsas internacionais, e com projeções de agências do setor. Notou-se que ambos convergem para um preço do barril abaixo de USD 100 ao fim de 2022.

A ata concluiu ser adequado, portanto, manter a hipótese usual no cenário de referência, mas adotar como mais provável um cenário com hipótese alternativa para a trajetória de preços do petróleo até o fim de 2022. Para as projeções a partir de 2023, o Copom decidiu manter sua premissa mais conservadora.

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