A taxa de desocupação caiu para 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, o que representa um recuo de 0,9 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior. Esta é a menor taxa para o período desde 2016, quando o número de brasileiros desempregados correspondia a 9,6% da população.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (18/3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados, nos 26 estados e no Distrito Federal.
Apesar no recuo do indicador, o desemprego ainda afeta 12 milhões de pessoas, queda de 6,6% na mesma comparação, o que representa uma redução de 858 mil pessoas. No confronto com o mesmo período do ano anterior, a queda no percentual de desocupados é de 18,3%, o que representa 2,7 milhões de pessoas a menos em busca de trabalho.
A população ocupada chegou a 95,4 milhões, alta de 1,6% (1,5 milhão de pessoas) ante o trimestre anterior e de 9,4% (8,2 milhões de pessoas) frente ao mesmo período de 2021.
Resultados
Para a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, a movimentação no setor de comércio influenciou positivamente o resultado.
“A expansão do comércio indica a manutenção da tendência de crescimento dessa atividade, principalmente, a partir do 2º semestre de 2021. No trimestre atual, a população ocupada no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (18,4 milhões de pessoas) já supera a registrada no período pré-pandemia (trimestre móvel de dez-jan-fev de 2020)”, afirma.
Com exceção dos segmentos de transporte, correio e armazenagem e do setor dos Serviços domésticos, as atividades de serviços também registraram crescimento no trimestre.
Com isso, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) foi de 34,6 milhões de pessoas, uma alta de 2% contra o trimestre anterior, o que representa mais 681 mil pessoas com emprego que garante os direitos trabalhistas.
Na comparação com 2021, o crescimento é de 9,3% (ou mais 2,9 milhões de ocupados com carteira), com influência do comércio, da indústria e do setor de alojamento e alimentação.
Informalidade
A taxa de informalidade caiu, de acordo com a pesquisa. Janeiro registrou 38,5 milhões de trabalhadores informais (40,4% da população ocupada), taxa menor do que a do trimestre anterior (40,7%) e maior do que a do mesmo período do ano passado (39,2%).
Já o rendimento real habitual voltou a cair: menos 1,1% em relação ao último trimestre e uma queda ainda maior, de 9,7%, frente ao mesmo trimestre de 2021, ficando em R$ 2.489 de média. Nenhuma categoria apresentou alta no rendimento. Na indústria, houve queda de 4,1%, ou menos R$ 102, mesmo com alta na ocupação com empregos com carteira.
“A retração dos rendimentos, que costuma ser associada ao trabalhador informal, esteve disseminada para outras formas de inserção e não apenas às relacionadas à informalidade”, explica Beringuy. “Embora haja expansão da ocupação e mais pessoas trabalhando, isso não está se revertendo em crescimento do rendimento dos trabalhadores em geral”, conclui.
Também houve diminuição nos setores de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: queda de 2,1%, ou menos R$ 76.
Sem carteira
A PNAD com os resultados do trimestre novembro-dezembro-janeiro também mostra alta no número de empregados sem carteira assinada no setor privado. Ao todo, foram 12,4 milhões de pessoas, um aumento de 3,6% ou 427 mil pessoas em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a alta é de 19,8% ou mais 2 milhões de pessoas.
Já o número de trabalhadores por conta própria ficou estável na comparação com o trimestre anterior, mas subiu 10,3% no ano e chegou a 25,6 milhões de pessoas, enquanto o número de trabalhadores domésticos foi de 5,6 milhões de pessoas — estável no confronto entre períodos, mas 19,9% maior que no período do ano anterior.
O número de empregadores foi de 4 milhões de pessoas e o número de empregados no setor público foi 11,4 milhões de pessoas.
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