A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota, nesta segunda-feira (14/3), para apontar a guerra prolongada entre Rússia e Ucrânia como fator de agravamento da alta de preços das commodities e de risco à saúde financeira de indústrias brasileiras, principalmente, devido à pressão inflacionária. No caso do Brasil, a elevação dos preços dessas commodities minerais e agrícolas devem ter efeitos mais imediatos sobre a inflação.
A alta dos preços internacionais das commodities agrícolas, minerais e energéticas resultante do conflito produz pressão adicional sobre a inflação mundial e a brasileira, ambas já afetadas pela pandemia. Isso poderá acarretar altas nas taxas de juros internacionais e no país, com efeitos negativos para a economia brasileira.
"Uma duração mais longa poderá ampliar não só os efeitos sobre commodities, mas também ampliar os impactos negativos sobre o crescimento da economia mundial, influenciando as exportações brasileiras como um todo”, afirma o gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
Os preços no mercado futuro, em dólares, aumentaram para uma série de commodities desde o dia de início da guerra. Alguns exemplos de altas entre 23 de fevereiro e 8 de março são: trigo (+45,3%); petróleo (+34,3%); paládio (+21,7%); milho (10,3%); açúcar (+4,9%); e alumínio (+4,2%).
Efeitos nacionais
A alta do petróleo impacta não apenas nos preços de combustíveis (gasolina e diesel), mas, também, em produtos petroquímicos, como plásticos e embalagens. Devido à situação econômica do Brasil, a indústria não deve conseguir repassar integralmente essa alta de em um primeiro momento, o que pode afetar a saúde financeira das empresas, na avaliação de Mário Sérgio.
“Há um desemprego elevado no mercado interno que dificulta o repasse de preços na mesma proporção do aumento de custo. Com isso, pode haver uma redução da margem de lucro das empresas ainda afetadas pela crise, o que aumenta o risco de falências e de dificuldades em negociar dívidas”, afirma.
Cadeias globais de insumos
O conflito também poderá levar à escassez de componentes necessários à fabricação de chips e semicondutores, uma vez que a Rússia e a Ucrânia são grandes produtores globais de metais usados como componentes desses produtos. Também há a expectativa de novas elevações nos preços de frete internacional, agravando os problemas na logística das cadeias globais de suprimentos.
O descompasso das cadeias globais deverá repercutir no longo prazo, de acordo com o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca. “Quando você reabre os fluxos de suprimentos, a reorganização da logística de transportes ocorre aos poucos. Vai haver um impacto de mais longo prazo nesse sentido, até os mercados se regularizarem e essa desorganização é transmitida via preço. A redução desses preços vai acontecer à medida que os fornecedores consigam entrar novamente no ritmo de produção e distribuição para os compradores”, afirma.
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