combustíveis

Motoristas de aplicativo buscam fórmulas para que profissão continue compensando

Tainá Andrade
Deborah Hana Cardoso
postado em 12/03/2022 06:00
 (crédito: Dan Gold/Unsplash)
(crédito: Dan Gold/Unsplash)

O megarreajuste dos combustíveis que começou a vigorar ontem — quando os postos em peso aplicaram os novos preços nas bombas —, atingiu em cheio também os motoristas de aplicativo. Agora, além das muitas horas atrás do volante de um veículo, sujeitos ao cansaço e a violência, eles têm outra preocupação: encontrar fórmulas para que a profissão continue compensando financeiramente.

Cristiany Albuquerque, de 45 anos, trabalha com aplicativo de transporte há cinco anos. "Quando comecei, pagava R$ 3 o litro (da gasolina). Há três anos, gastava, em média, por mês, R$ 1,5 mil com combustível. Este ano, a média mensal foi de R$ 3 mil", lamentou a motorista, que ainda tem de bancar o financiamento do veículo que comprou para trabalhar.

Já Cássio Miranda, 32, contou que a organização do atendimento teve que mudar por causa do impacto do aumento dos combustíveis nas finanças. "Tinha uma rotina, trabalhava de segunda a sexta. Quando queria fazer dinheiro extra, fazia o final de semana. Quando a gasolina custava R$ 3 e pouco, o tanque dava R$ 200. Agora, está dando mais que o dobro, e abasteço ao menos duas vezes por semana. Tive que triplicar a minha rotina para conseguir ganhar alguma coisa trabalhando todos os dias. Senão, não pago as contas", explicou.

Viagem longa

Outra estratégia para tentar "esticar" o tanque de combustível para diminuir a frequência dos reabastecimentos têm sido escolher o tipo de corrida a fazer. "Os aplicativos pedem que busquem o passageiro em um raio de mais de 3km ou 4km. Decidi não ir mais. Não compensa, pois o passageiro pode cancelar e não tem custo-benefício", explicou "Paulo" (nome fictício, pois preferiu não se identificar).

Outro tipo de corrida que está sendo evitada é aquela que o motorista vai com um passageiro e volta sozinho. "Rejeito algumas corridas, peneirando locais, principalmente de periferia. É mais complicado ir porque não vai ter retorno, ou seja, vai com alguém e volta vazio", disse "Paulo".

Mas se os motoristas passaram a considerar que viver de aplicativo ficou dramático, as empresas também perceberam que sairiam prejudicadas se nada fizessem. A 99 anunciou, ontem, o reajustar do preço das corridas em 5% para diminuir o impacto do aumento do custo dos combustíveis. Segundo a companhia, esse percentual será o suficiente para anular o crescimento dos gastos com gasolina. Também diminuiu as taxas cobradas dos motoristas em determinados períodos do dia para auxiliá-los nesse momento.

Já o Uber também anunciou um pacote de medidas para ajudar na redução do impacto do aumento dos combustíveis provocado nos custos dos motoristas. Além do reajuste temporário no preço das viagens, a empresa pretende investir cerca de R$ 100 milhões no Brasil, nas próximas semanas, em iniciativas voltadas ao aumento nos ganhos e redução das despesas.

A Yourb foi procurada pelo Correio, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

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