Começou a vigorar nesta sexta-feira (11/3) o novo reajuste no preço dos combustíveis anunciado na véspera pela Petrobras. A estatal ficou 57 dias sem mexer nos preços. O valor médio da gasolina vendida pela empresa às distribuidoras irá de R$ 3,25 para R$ 3,86, quase 19%. Já o litro do diesel passa de R$ 3,61 para R$ 4,51, alta de aproximadamente 25%. O gás de cozinha (GLP) sobe de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, aumento de 16%.
O motoboy Jeosafá explicou que trabalha fixo e ganha nas taxas e diárias. “Como aumentou tudo, tenho que passar ao cliente que não quer pagar esse aumento de agora. Na vida pessoal também afeta. Eu gastava R$ 18 para ir e voltar para casa e agora vou gastar R$ 25”, lamentou.
Já o servidor público Antônio disse que as recorrentes altas afetam a todos e os salários não aumentam no mesmo ritmo. “Em relação às pessoas que têm menos recursos, muitas vezes têm que pagar para trabalhar. Eu ainda estou de home office e uso menos o carro, mas acaba afetando ao longo do ano, pois é um dinheiro que você poderia estar usando para outras coisas”, reclamou.
Nos postos de gasolina do SIG, no Plano Piloto, o valor da gasolina comum chega a R$ 7,99 o litro e o etanol a R$ 5,95.
Desde o governo de Michel Temer, quando a estatal estava sob o comando de Pedro Parente, a Petrobras segue os preços do mercado internacional. Entretanto, com a pandemia e a guerra da Ucrânia, os valores saltaram, pressionando o mercado interno. No exterior, o barril chegou a ser cotado próximo dos US$ 140. Em 2021, a empresa fechou com lucro de R$ 106,6 bilhões.
Em 2018, quando ainda era presidente da Petrobras, Parente apresentou, em um evento no Palácio do Planalto, as expectativas do preço do barril no exterior. A projeção era de US$ 73 (o barril) para 2022 — pandemia da covid-19 e guerra na Europa não estavam no roteiro. “Nós sabemos que temos de estar preparados para a volatilidade de preços, não apenas da taxa de câmbio, mas também do preço do petróleo. Isso significa estar em condições de adotar medidas que sejam eventualmente necessárias diante de circunstâncias que possam colocar em risco o atingimento da nossa meta”, disse na época.
Inflação
Para além dos preços na bomba ao consumidor final, a Petrobras impacta o cenário inflacionário do país. O abastecimento interno é feito em sua maioria por modal rodoviário, assim, o preço dos combustíveis pesa também nos alimentos. De acordo com a Fipe, o novo reajuste deve aumentar entre 0,5 e 0,6 ponto percentual a inflação oficial do país no ano, passando de 6%. O impacto deve chegar ao consumidor no próximo mês, elevando as projeções de março e abril.
Para o motoboy Cleidson, o atual preço afeta o bolso. “Com um salário de R$ 1,2 mil, você trabalha para pagar a gasolina”, criticou. E explicou ser preciso planejamento para fazer o gasto caber no orçamento. “Isso ainda afeta as empresas que nos contratam”, finalizou.
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