O preço do petróleo movimentou as bolsas de valores no mundo. Após à máxima de US$ 140 por barril, em meio a temores em relação às sanções contra a Rússia, país atualmente em conflito com a Ucrânia, o preço recuou em meio às negociações comerciais dos países líderes.
Depois de tocar os US$ 139,13 por barril, o contrato do petróleo Brent para maio, a referência global da commodity, moderou os ganhos e fechou em alta de 4,31%, a US$ 123,21 por barril, na ICE, em Londres, no Reino Unido. Já WTI para abril, subiu 3,21%, a US$ 119,40 por barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York, nos Estados Unidos.
A prevalência da alta do petróleo afetou a bolsa de valores de São Paulo. A B3, fechou em forte queda em sessão mais uma vez pautada por temores globais de estagflação decorrentes do conflito na Ucrânia. O Ibovespa recuou 2,52%, a 111.593 pontos. Em destaque, as ações da Petrobras fecharam em queda de 7%.
Assim, o Ibovespa fechou em baixa de 2,52%, aos 111.593 pontos, com R$ 30,56 bilhões em volume negociado. O saldo do mês passou a ser de queda de 1,37%, enquanto a performance do índice desde o início do ano ainda é de alta de 6,46%. As falas do presidente Jair Bolsonaro (PL), no meio do dia, pioraram o clima.
Bolsonaro afirmou que iria discutir o salto dos preços do petróleo em reunião com os ministérios da Economia e de Minas e Energia e com a Petrobras nesta tarde, em entrevista à Rádio Folha de Roraima. Além disso, o mercado já espera que a petroleira pretenda subir os preços dos combustíveis nesta semana.
O último reajuste nas bombas foi feito no meio de janeiro, quando o valor do barril negociado no mundo era de US$ 82,64 – 32% menor que o atual.
Análise
De acordo com o professor de Finanças Carlos Heitor, do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ), o comportamento das bolsas deverá acompanhar as negociações sobre novos acordos de comercialização do petróleo.
“Fatalmente, o petróleo da Rússia vai sair do mercado e gerar uma pressão muito alta por novos fornecedores, em função das sanções comerciais impostas à Rússia, que deverão ter resposta. Mas precisamos considerar que todas as expectativas estão no preço”, explica.
Atualmente, os Estados Unidos negociam com dois países “inimigos”, a Venezuela, na América do Sul, e o Irã, no Oriente Médio. “A ideia dos EUA é que o mundo tem de resolver a demanda do petróleo. E esses países que possuem petróleo tem o ouro negro nas mãos”, diz.
Tempo
Para Alexandre Espírito Santo, economista chefe da Órama Investimentos, os países estão começando a perceber os efeitos de uma guerra prolongada, com impactos sobre a inflação global.
"Até semana passada havia uma dúvida, mas com os desdobramentos desse fim de semana, o humor azedou. Petróleo nesse patamar é complicadíssimo, a gasolina na semana passada, nos EUA, subiu 10%. Por aqui, apesar da possibilidade de chegarmos a um acordo que postergue o repasse da Petrobras, o que só empurra o problema, temos provavelmente altas de alimentos, porque o trigo e fertilizantes vão bater forte e provocar contágio sobre vários outros preços”, explica.
Já Samuel Torres, consultor financeiro da Onze, diz que o valor do petróleo seguirá diretamente ligado à evolução do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Assim, como não é possível prever o que ocorrerá no conflito, também é impossível saber o que ocorrerá com o preço do petróleo. O que o investidor pode esperar é, provavelmente, a continuidade da volatilidade do preço do petróleo, em linha com a divulgação de novas notícias em relação ao conflito”.
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