A fim de diminuir o impacto da dependência dos fertilizantes produzidos por Rússia e Belarus, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou, ontem, que um programa nacional de fertilizantes estará nas mãos de Jair Bolsonaro até o final deste mês. Durante a live do presidente, ela disse que se trata de uma proposta que vem sendo estudada desde 2019 e que, agora, com a guerra no Leste Europeu, é necessário acelerar e tirar do papel. Tereza admitiu que, enquanto houver a guerra, não será possível normalizar a importação do insumo.
"O problema não é a Rússia restabelecer (a venda de fertilizantes). O que nós temos é uma suspensão desse comércio, porque não há como pagar e nem existem navios seguros para carregar esses adubos. O problema é da guerra: enquanto estiver acontecendo, é totalmente descartada a possibilidade de receber daqueles dois países (Rússia e Belarus)", explicou.
Segundo a ministra, o programa nacional de fertilizantes poderá trazer mais facilidade em atrair investimentos para ureia e amônia no Brasil. "Faz parte da segurança alimentar do Brasil. É um item muito importante colocar como política nacional", enfatizou.
Bolsonaro também frisou que, se o Brasil explorasse a foz do Rio Madeira, teria insumo para mais de 200 anos. "Temos tudo para dar certo aqui e nem precisávamos estar importando lá de fora. Estaríamos livres", disse.
Estoques
O Ministério da Agricultura voltou a garantir, ontem, que o Brasil tem estoque suficiente de fertilizantes para o consumo interno até outubro deste ano. Foi o que afirmou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos Filho. Esse cálculo, porém, se choca com o da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda): segundo a entidade, o Brasil tem disponibilidade apenas para até o início de junho.
A estimativa do governo inclui dois fatores: o que já está garantido, de posse das indústrias produtoras; e o imponderável, que são as importações que ainda serão realizadas. "Não podemos pensar que vai interromper totalmente as exportações de outros países. Muito volume já foi comprado antecipadamente pelos produtores. É uma dinâmica que nos mostra que até outubro ainda tenha algum tipo de abastecimento", disse Bastos.
O cálculo do ministério leva em consideração, também, o fluxo marítimo internacional — que a pasta crê que não haverá interrupção. "Vai depender do quanto a guerra vai afetar o transporte desse produto, mas não estamos vendo cenário catastrófico", salientou.
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