Os consumidores devem se preparar para aumentos no preço da gasolina. O alerta é de Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF). Segundo o empresário, a conjuntura atual, marcada pela iminência de guerra na Ucrânia, aponta para a necessidade de um reajuste dos combustíveis.
"Hoje, a defasagem de preços da Petrobras, em relação ao mercado externo, está em R$ 0,50 por litro na gasolina e R$ 0,30 no diesel. Ou seja, a empresa tem essa margem de preço para repassar", pontuou Tavares, em entrevista, ontem, ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio e TV Brasília.
Ele explicou que, desde 2016, a estatal alinha os preços dos combustíveis ao mercado internacional, e que o petróleo já está na casa de US$ 95. "Em dezembro esse mesmo petróleo estava na casa de US$ 79", lembrou.
Recentemente, o litro da gasolina chegou a cair para R$ 6,39 em muitos postos do DF. Agora, está sendo vendida a R$ 6,89, em média. A alta, de acordo com Paulo Tavares, se deve à recomposição da margem de lucro, que estava baixa por conta do preço de custo elevado. "Só no ano passado, na refinaria, a gasolina subiu 57% e o diesel, 47%", apontou.
"O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas é deficitário em refino. A Petrobras consegue refinar apenas 80% do que o país consome, principalmente o diesel", explicou o presidente do Sindicombustíveis. Esse cenário resulta na necessidade de importação de derivados, o que encarece os produtos.
Outro aspecto que colabora para os preços salgados é o pagamento de impostos, que totalizam R$ 2,40 por litro. De acordo com Paulo Tavares, os projetos de lei em discussão no Senado para conter o preço dos combustíveis — o PL 1.472/2021, que cria um conta de estabilização de preços, e o PLP 11/2020, que propõe uma alíquota única de ICMS no país — não devem resolver o problema. Segundo ele, o caminho é a reforma tributária.
* Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo