A disparada do preço do petróleo, que pesou no bolso dos consumidores em 2021, turbinou o resultado da Petrobras. A estatal fechou o ano com um lucro recorde de R$ 106,7 bilhões. O bom desempenho vai beneficiar os acionistas da companhia, que irão receber o volume histórico de R$ 101 bilhões em dividendos.
Com o bom desempenho, a companhia anunciou a distribuição de mais R$ 37,3 bilhões em dividendos aos acionistas, que já haviam recebido R$ 63,4 bilhões em 2021 como retorno pelo lucro dos três primeiros trimestres. No fim do ano passado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, chegou a reclamar do lucro "muito alto" da estatal e afirmou que a empresa deveria ter "viés social".
Desde então, o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, vem repetindo que a contribuição da petrolífera será via remuneração ao governo e pagamento de tributos, e não segurando preços dos combustíveis. A Petrobras, no entanto, não reajusta a gasolina e o diesel desde 12 de janeiro.
"Nada disso (o lucro) seria possível para uma empresa endividada sem capacidade de gerar valor. Estes resultados demonstram que a qualidade do nosso trabalho se traduz de maneira inequívoca em riqueza para a sociedade", afirmou Luna, em texto do balanço financeiro.
Além da alta no preço do petróleo, a produção no pré-sal também ajudou a engordar o caixa da companhia. A região possui alta produtividade e um custo de extração do petróleo do fundo do mar mais baixo do que nos demais campos da estatal. Além disso, o volume de combustível vendido aumentou, assim como a margem de lucro da empresa com a gasolina e o óleo diesel.
No quarto trimestre, no entanto, o lucro de R$ 31,5 bilhões representou uma queda de 47,4% ante o registrado em igual período de 2020. Ainda assim, veio acima da previsão de analistas. A média das projeções dos bancos BTG Pactual, Bradesco BBI e Credit Suisse e também do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontava para um lucro de R$ 28,27 bilhões no período.
Rodrigo Glatt, sócio da GTI ADM de Recursos, avalia o resultado do ano como positivo. Além do benefício da alta do petróleo, ele ressaltou alguns eventos não recorrentes, como a venda de ativos. "Acho que essa distribuição adicional de dividendos talvez tenha vindo um pouco acima do que o mercado esperava", disse.