Projeções de crescimento populacional preveem que, em 2050, cerca de nove bilhões de pessoas se concentrarão em grandes metrópoles. Especialistas pelo mundo alertam que, em nível global, isso pode significar uma escassez de suprimentos básicos à sobrevivência humana. Dos fatores que convergem para essa calamidade, um dos que deve ser revisto é a forma hegemônica como os sistemas alimentares estão sendo produzidos.
A expressão, atribuída ao processo que se pode chegar, é chamada de sindemia global — que é a coexistência da pandemia da fome, da obesidade e das mudanças climáticas, no qual os efeitos se potencializam mutuamente. Esse será um dos temas discutido no evento Correio Talks, "Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável", que acontecerá nesta quarta-feira, 9 de fevereiro, às 15h30. O debate poderá ser acompanhado pelas redes sociais do Correio Braziliense.
Janine Coutinho, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, uma das participantes do evento, explicou que sistemas alimentares hegemônicos e sindemia estão relacionados pela "forma que se comercializa, transporta, produz e consome alimentos". "Essa maneira de cadeia produtiva de alimentos está relacionada a 25% a 30% da emissão de gases de efeito estufa. O uso indiscriminado dos agrotóxicos na agricultura tem efeitos muito grandes na saúde das pessoas e do meio ambiente, uma vez que provoca diversos tipos de câncer, contaminando mares e rios. Do ponto de vista da obesidade, o Brasil, por ser um país de base de commodities, tem uma camada grande de alimentos ultraprocessados sendo vendidos nas gôndolas dos supermercados", disse.
Pamela Gopi, da Campanha de Agricultura do Greenpeace, reforça, com isso, que a lógica comercial dos alimentos só poderá sair do caminho de sindemia se os brasileiros começarem a fazer escolhas melhores para a sua alimentação. "A partir do momento que eu escolho saber quem faz a minha comida, da onde vem aquele alimento, eu estou fomentando essa rede que não é só de agro, pensa só em indústria e que, sim, olha para a mesa dos brasileiros de forma eficaz. O que a gente fala "plantando saúde, não doença"", ressaltou.