O Banco Central avisou ao mercado que já montou seu arsenal para enfrentar uma possível turbulência no câmbio, caso a guerra entre a Rússia e a Ucrânia se prolongue e ganhe proporções ainda maiores. Em comunicado feito por intermédio do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), a autoridade monetária informou que separou uma parte das reservas internacionais do país, que chegam a US$ 357 bilhões, para conter a disparada do dólar. A moeda norte-americana tem forte influência na inflação brasileira, por ditar dos preços do pãozinho francês aos valores dos combustíveis nas bombas.
A estratégia do BC inclui, ainda, a taxa básica da economia (Selic), que está em 10,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) já avisou que continuará aumentando os juros até que o aperto faça com que a inflação convirja para a meta deste ano, de 3,5%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Por enquanto, a ideia da instituição é não pisar mais no acelerador, uma vez que a Selic saiu de 2%, no início do ano passado, para o nível atual. A alta de 8,75 pontos é a maior desde que o regime de metas foi adotado, em 1999.
Saiba Mais
- Economia Casa Civil: governo estuda isenção do IR para investidor estrangeiro
- Economia Prazo para entrega de obrigações junto à Receita é adiado para vítimas de desastres
- Economia Vice-presidente da Câmara quer entrar com ação para invalidar decreto do IPI
- Economia STF aprova revisão de aposentadorias; entenda mudanças
Commodities
Segundo Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, é natural que a autoridade monetária se prepare para tempos de incertezas, como os atuais. "O Brasil tem centenas de bilhões de reservas, e é para isso que estão lá, para eventos incertos", disse. Ele ressaltou que o conflito armado no Leste Europeu tende a ser inflacionário, por impactar as cotações das commodities, em especial do petróleo. "No horizonte de 12 meses, não há perspectiva de diminuição dos juros, eles continuarão em um patamar elevado. Isso não depende só da nossa economia, mas dos rumos da economia global", explicou.
Para o economista Roberto Luiz Troster, o BC está corretíssimo em se preparar para intervir no câmbio em caso de aumentos expressivos do dólar, uma vez que a inflação já está muito alta no país — mais de 10% ao ano. "A medida é boa, oportuna. Não dá para se concentrar apenas na política de juros", frisou. Na avaliação de Eduardo Velho, da JF Trust, as reservas internacionais do país estão acima do nível ótimo. E serão fundamentais casos outros conflitos ocorram no mundo, como a invasão de Taiwan pela China. "O BC precisa mostrar suas armas, até para deixar claro ao mercado", assinalou.
Analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura afirmou que o BC deve conter todos os movimentos especulativos no câmbio, para dar mais previsibilidade aos agentes econômicos. No entender dele, a venda de moeda norte-americana no mercado à vista é a melhor estratégia para evitar volatilidade extrema. Ele destacou ainda que a inflação continuará no radar dos investidores, especialmente por causa do petróleo, que voltou para a casa dos US$ 100 o barril.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.