O início dos conflitos entre Rússia e Ucrânia estimulou a volatilidade do mercado fazendo o dólar voltar a subir na Bolsa de Valores. No entanto, na contramão das expectativas, a reserva de liquidez de mercado divulgada, nesta quarta-feira (23/2), pelo Tesouro Nacional surpreendeu economistas, que afirmam que o Brasil possui dinheiro em caixa para suportar, num curto prazo, as pressões internacionais.
Divulgado na quarta-feira (23/2), pelo Tesouro Nacional, a reserva ou "colchão financeiro" nacional apresentou redução de R$ 1.185,89 trilhão em dezembro para R$ 1.132,46 trilhão, em janeiro deste ano. Com isso, atualmente, o colchão cobre quase um ano de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,334 trilhão em títulos federais.
Para o economista-chefe da J.F.Trust, Eduardo Velho, o cenário de reserva de recursos para o pagamento de dívidas é relativamente "equilibrado" para o governo brasileiro. "O governo não precisaria emitir e vender títulos emergencialmente, para produzir recursos, e pode suportar melhor as pressões externas", diz.
Janaina Damasceno, economista da Tendências e pesquisadora associada da FGV/IBRE, disse que o risco para o governo é continuar perdendo a liquidez. "A descompensação não é grande, mas o risco é continuar a perder e precisar emitir nova dívida para financiar dívida antiga", diz.
Para ela, o governo tem de fazer o dever de casa e continuar cuidando do cenário fiscal. "Caso contrário, vai ficar difícil ter caixa a curto, médio ou baixo".
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