Apesar das tensões no exterior, com a crise na Ucrânia, e as incertezas internas com as próximas eleições, o dólar comercial continuou em queda, ontem, e atingiu R$ 4,998 no final da manhã. Desde 30 de junho do ano passado, a moeda norte-americana não era cotada abaixo de R$ 5. No fechamento do dia, a divisa foi vendida por R$ 5,004, um recuo de 0,95% em relação à véspera.
Com o resultado de ontem, o dólar passou a acumular queda de 5,69% no mês e de 10,26% no ano. No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou a quarta-feira em baixa de 0,78%, aos 112.008 pontos.
De acordo com André Perfeito, economista-chefe da corretora de valores Necton, o comportamento da moeda americana foi de queda por dois motivos: juros altos por aqui e preços das commodities em alta em todo o mundo. Essa situação tem estimulado o ingresso de capitais estrangeiros no mercado financeiro do país.
Ingressos
Somente nos dois primeiros meses do ano, investidores de outros países aplicaram quase R$ 56 bilhões na B3, para aproveitar as cotações atrativas das ações, que estão abaixo da medida histórica, principalmente de empresas que se beneficiam com as exportações.
"Os eventuais ruídos que possam ocorrer ao longo do ano, como eleições, guerra na Ucrânia ou mesmo os juros nos Estados Unidos — que devem começar a subir gradativamente em março — devem ter efeito reduzido, uma vez que hoje já estão presentes e não foram suficientes para reverter o fluxo de dólares em relação ao real", observou Perfeito.
Para o economista-chefe do Terra Investimentos, João Maurício Rosal, "a moeda brasileira está excessivamente desvalorizada já há algum tempo". Ele observou que os o longo período em que os juros permaneceram baixos contribui para essa desvalorização do real, "além da série de ruídos políticos que marcaram a pandemia no Brasil".
Movimento pra o centro
Nesse momento, porém, "temos observado uma aquiescência política, em virtude dos movimentos relacionados à eleição presidencial, em que se vê o candidato de esquerda seguindo para o centro", salientou Rosal. "Isso tem melhorado a perspectiva do Brasil aos olhos do investidor internacional e tem provocado fluxo positivo para cá."
De acordo com Rosal, ainda há espaço para a valorização do real. Ele observa, contudo, que esse movimento deve enfrentar dois obstáculos. O primeiro é a elevada inflação nos Estados Unidos, que levará o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a aumentar as taxas de juros naquele país. O segundo elemento de incerteza é o desdobramento das eleições presidenciais brasileiras.
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