Após registrar recorde anual em 2021, a arrecadação total do governo federal atingiu R$ 235,3 bilhões em janeiro de 2022, registrando acréscimo real de 18,3% ante o mesmo período de 2021, levando em conta a correção pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Foi o melhor desempenho para o mês desde 1995.
Segundo a Receita Federal, o acréscimo observado em janeiro pode ser explicado, principalmente, por pagamentos atípicos de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), pelo diferimento de quotas do IR Pessoa Física que seriam pagas em 2021, e pelo comportamento das compensações efetuadas. Sem considerar os pagamentos atípicos, haveria um crescimento real de 9,19% na arrecadação do mês.
Para o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) José Luiz Pagnussat, o resultado de janeiro foi excepcional e reflete a retomada da economia. Ele destacou o crescimento do IRPJ e da CSLL e o avanço da receita do IRRF sobre rendimentos de capital. "Um indicador de que a economia está voltando à normalidade e que o setor produtivo ampliou sua lucratividade de forma expressiva", comentou.
Ele apontou que o resultado vai melhorara as contas públicas e "abrir espaço para o governo reduzir impostos naqueles setores que ainda demandam estímulos para acelerar o crescimento e aumentar a competitividade".
Para Benito Salomão, mestre em economia, no entanto, ainda não há muito para comemorar. Ele explicou que o crescimento da arrecadação é fundamental para mudar o perfil fiscal do governo, que registra deficit há vários anos, mas não suficiente.
"Nós não conseguimos fazer o ajuste primário das contas do governo só pelo lado das despesas. Mesmo que tenha a PEC do teto, reforma da Previdência, as despesas continuam crescendo acima do do PIB", afirmou Benito.
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