Enquanto as bolsas internacionais derretiam, ontem, em meio ao aumento das tensões entre Ucrânia e Rússia, com os Estados Unidos anunciando sanções ao país governado por Vladimir Putin, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operou no azul, na contramão do resto do mundo.
Após cair na véspera, o Ibovespa, principal indicador da B3, chegou a subir 1,42% ao longo do dia, mas encerrou o pregão com alta de 1,04% a 112.892 pontos. Enquanto isso, o dólar voltou a cair, terminando o dia cotado a R$ 5,052, com queda de 1,08% em relação ao dia anterior.
Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,42% e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, escorregou 1,23%. Na Europa, a bolsa de Frankfurt recuou 0,27% — queda que não foi maior devido à alta de 7% nas ações da Volkswagen, que revelou avanços nas negociações o lançamento de ações da subsidiária Porsche. Em Paris, o mercado ficou praticamente estável com queda de 0,01%. O RTS, principal índice da bolsa de Moscou, e expresso em euros, desabou 9,9%.
Os mercados se retraíram também na Ásia, com queda de 2,79% em Hong Kong, e perdas em torno de 1% em Xangai, Seul, Taipei e Bangkok. O Índice Nikkei, principal indicador da bolsa de Tóquio, recuou 1,71%.
"O mercado internacional atravessa dias tensos, mas está difícil prever que o Brasil continuará descolado do resto do mundo por muito tempo", alertou Marco Antonio Caruso, economista-chefe do Banco Original. Ele lembrou que a alta do Ibovespa continua sendo impulsionada pela entrada de investidores estrangeiros comprando ações, principalmente, de exportadoras de commodities e bancos, que têm um grande peso no índice.
Neil Shearing, economista-chefe da Capital Economics, disse que as consequências econômicas de uma guerra entre Rússia e Ucrânia dependerão da gravidade do conflito, mas na maioria dos países, o impacto, provavelmente, será limitado. "A consequência mais significativa será o aumento das pressões inflacionárias neste ano", escreveu em documento enviado ontem aos clientes. Pelas estimativas da consultoria britânica, as principais sanções à Rússia que vinham sendo cogitadas podem cortar 1% do Produto Interno Russo (PIB) russo. "Isso pode aumentar para 5% (do PIB) se forem impostas sanções mais rigorosas, como bloquear a Rússia do sistema de pagamentos Swift (transferências internacionais em rede)", destacou.
Caruso, do Original, observou que, apesar de o petróleo tipo Brent ter disparado para quase US$ 100 em Londres (leia na página 7), os papéis da Petrobras acabaram recuando mais de 1,5% após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar a política de preços da estatal. (RH)
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