MERCADOS

Bolsa brasileira sobe e se descola do mercado externo em meio à crise russa

Índice Bovespa encerra o dia com alta de 1,04%, enquanto Nova York, Europa e Ásia fecham no vermelho. Dólar cai 1,08% e fecha cotado a R$ 5,052

Rosana Hessel
postado em 22/02/2022 19:46 / atualizado em 23/02/2022 15:59
Em Nova York, o Indice Dow Jones recuou 1,42% e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, escorregou 1,23% -  (crédito: Gerd Altmann por Pixabay )
Em Nova York, o Indice Dow Jones recuou 1,42% e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, escorregou 1,23% - (crédito: Gerd Altmann por Pixabay )

Enquanto as bolsas internacionais derretiam, nesta terça-feira (22/2), em meio ao aumento das tensões entre Ucrânia e Rússia, com os Estados Unidos anunciando sanções ao país governado por Vladimir Putin, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operou no azul, na contramão do resto do mundo.

Após cair na véspera, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, chegou a subir 1,42% ao longo do dia, mas encerrou o pregão com alta de 1,04% a 112.892 pontos, enquanto o dólar voltava a cair, encerrando o dia cotado a R$ 5,052, com queda de 1,08% em relação ao dia anterior.

Bolsas no mundo

Em Nova York, o Indice Dow Jones recuou 1,42% e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, escorregou 1,23%. Na Europa, em Frankfurt, o índice DAX recuou 0,27% e a queda não foi maior devido à alta de 7% nas ações da gigante do setor automotivo Volkswagen revelar avanços nas conversas para o lançamento de ações da Porsche.

Em Paris, o CAC 40 ficou praticamente estável com queda de 0,01% e, em Lisboa, o PSI recuou 0,52%. O RTS, principal índice da bolsa de Moscou e expresso em euros, desabou 9,9%.

Na Ásia, a bolsa de Hong Kong caiu 2,70% enquanto as demais, como Xangai, Seul e Sidney, registraram perdas em torno de 1%. A bolsa de Hong Kong caiu 2,69%, enquanto Xangai, Sydney, Seul, Taipei e Bangkok tiveram perdas ao redor de 1%. O Índice Nikkei, da bolsa de Tóquio, recuou 1,71%.

“O mercado internacional atravessa dias tensos, mas está difícil prever que o Brasil continuará descolado do resto do mundo por muito tempo”, alertou Marco Antonio Caruso, economista-chefe do Banco Original. Ele lembrou que a alta do IBovespa continua sendo impulsionada pela entrada de estrangeiros comprando ativos de empresas brasileiras, principalmente, exportadoras de commodities e bancos, que têm um grande peso no IBovespa.

Neil Shearing, economista-chefe da Capital Economics, alertou que as consequências econômicas e de mercado entre uma guerra entre Rússia e Ucrânia dependerão da gravidade do conflito, mas na maioria dos países, o impacto econômico, provavelmente, será limitado. “A consequência mais significativa provavelmente será o aumento das pressões inflacionárias este ano”, escreveu em documento enviado aos clientes nesta segunda-feira (21/2). Pelas estimativas da consultoria britânica, as principais medidas sanções à Rússia que vinham sendo cogitadas podem reduzir cerca de 1% do Produto Interno Russo (PIB) russo. “Isso pode aumentar para 5% (do PIB) se sanções mais rigorosas, como bloquear a Rússia do sistema de pagamentos Swift (transferências internacionais em rede) forem impostas”, destacou.

Petróleo dispara

Caruso, do Original, destacou que, apesar do petróleo tipo Brent, negociado em Londres, ter disparado para quase US$ 100, os papéis da Petrobras acabaram recuando mais de 1,5% após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar a política de preços da estatal. Mesmo assim, o IBovespa conseguiu fechar no campo positivo (no contexto geral). “O conflito entre Rússia e Ucrânia não é positivo, mas o Brasil tem essas trincheiras. Não dá para afirmar que é uma tendência de alta para a B3. Historicamente, é difícil ver o país desconectado do resto de um mundo que resolve entrar em guerra”, acrescentou.

O economista destacou que, na manhã desta segunda, o barril do Brent chegou a ser negociado a US$ 99,50, mas, em torno das 17h, girava em torno de US$ 97. 

Pelos cálculos de Caruso, a defasagem do preço da gasolina e do diesel em relação aos valores praticados no mercado internacional, nesta segunda, estavam em 10,5% e 17%, respectivamente. “A queda do dólar ajudou a reduzir essa diferença de preços praticada no mercado doméstico, que estavam em torno de 11%, para a gasolina, e de 20%, para diesel, na semana passada”, comparou o analista.

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